🌔 Capítulo 53

A Verdade Ardida em Pele

Decidi começar pela madrugada.

O silêncio era o único aliado verdadeiro que me restava.

Desci até o templo interno, onde o espelho partido ainda jazia como símbolo da ruptura.

A lua cheia filtrava-se por entre os vitrais e pintava o chão com uma luz de prata líquida.

Ali, convoquei os quatro.

Um por um.

Rafael chegou primeiro.

Vestia o vermelho profundo dos Supremos, mas seu olhar era só sombra.

— Sabia que me chamaria primeiro — disse, sem arrogância.

— Porque não tenho medo de você?

— Ou porque tem medo do que sou.

Me aproximei devagar, meus dedos trêmulos.

— Você me permite?

Ele assentiu com um movimento sutil.

Toquei o dorso de sua mão.

O calor se espalhou imediatamente.

E então… vi.

Um beijo.

Em minha mãe.

Anos atrás.

Antes dela morrer.

Ela chorava.

Ele prometia protegê-la.

Mas também dizia: “Se a filha carregar o mesmo dom, será uma ameaça ao equilíbrio. Se necessário… vou impedir que ela desperte.”

O calor queimou.

Afastei minha mão, arfando.

— Você… pl
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