Brenda nunca foi do tipo que chorava.
Não porque fosse forte — mas porque aprendeu cedo que lágrimas não resolvem nada.
Elas apenas molham o rosto e deixam o orgulho mais pesado.
Mas naquela noite, quando a porta da sala da editora se fechou atrás dela e a voz dele — a voz que um dia a fez acreditar em redenção — ecoou um último “você está demitida”, ela sentiu o chão desabar.
Por fora, caminhou ereta, com a bolsa pendurada no ombro e o batom impecável.
Por dentro, algo se partiu de vez.
Apolo não gritou.
Ele nunca gritava.
O tom dele era o que doía — sereno, firme, desapontado.
Como quem já não via nela nem ameaça, nem importância.
Apenas uma sombra do que fora.
E esse foi o golpe mais cruel.
Nos dias que seguiram, o apartamento de Brenda virou um campo de destroços.
Papéis espalhados, garrafas pela metade, livros com as páginas arrancadas.
O espelho da sala, quebrado.
O reflexo dela multiplicado em estilhaços — mil Brendas pequenas, distorcidas, e todas com o mesmo olhar vazio.
Ela