Capítulo 35 — Apolo

A porta bateu e o som pareceu atravessar as paredes, ecoando no peito dele como um tiro abafado.

Apolo ficou parado, os dedos ainda estendidos no ar, como se o gesto pudesse impedir que o tempo avançasse.

Mas o tempo avançou.

E com ele veio o peso.

O silêncio que se instalou depois era quase insuportável.

Brenda o observava da porta, o batom borrado, o olhar em chamas — mas ele não via.

Não via nada.

A única imagem que lhe queimava a mente era o rosto da Luiza, o olhar dela antes de ir embora: aquele misto de mágoa, de incredulidade, de tudo o que ele passou anos tentando esquecer e falhou miseravelmente.

— Apolo... — Brenda tentou, com a voz doce, mas ele a cortou.

— Sai.

Ela hesitou.

— Eu só quis ajudar...

Ele virou o rosto devagar, e o olhar dele foi frio o bastante pra congelar o ar entre eles.

— Sai. Agora.

Brenda engoliu seco, pegou a bolsa e saiu, batendo o salto contra o piso de mármore.

Quando a porta se fechou atrás dela, o escritório pareceu pequeno demais.

Apolo se deixou
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