A porta bateu e o som pareceu atravessar as paredes, ecoando no peito dele como um tiro abafado.
Apolo ficou parado, os dedos ainda estendidos no ar, como se o gesto pudesse impedir que o tempo avançasse.
Mas o tempo avançou.
E com ele veio o peso.
O silêncio que se instalou depois era quase insuportável.
Brenda o observava da porta, o batom borrado, o olhar em chamas — mas ele não via.
Não via nada.
A única imagem que lhe queimava a mente era o rosto da Luiza, o olhar dela antes de ir embora: aquele misto de mágoa, de incredulidade, de tudo o que ele passou anos tentando esquecer e falhou miseravelmente.
— Apolo... — Brenda tentou, com a voz doce, mas ele a cortou.
— Sai.
Ela hesitou.
— Eu só quis ajudar...
Ele virou o rosto devagar, e o olhar dele foi frio o bastante pra congelar o ar entre eles.
— Sai. Agora.
Brenda engoliu seco, pegou a bolsa e saiu, batendo o salto contra o piso de mármore.
Quando a porta se fechou atrás dela, o escritório pareceu pequeno demais.
Apolo se deixou