A porta do quarto fechou atrás dela com um estalo seco.
O som pareceu ecoar dentro da cabeça de Luiza, misturando-se ao ruído da cidade que subia pelas frestas da janela. Lá fora, o trânsito e a chuva se confundiam; aqui dentro, o silêncio era mais alto que tudo.
Ela tirou os sapatos e os deixou onde caíram.
As mãos tremiam. Ainda via, na memória, o reflexo do escritório, as luzes frias e o rosto de Apolo perto demais de Brenda. A mente repetia a cena em fragmentos, como se tentasse encontrar um ângulo em que aquilo não doesse tanto.
Mas não havia.
Encostou a testa no vidro frio da janela.
O coração batia como se estivesse tentando fugir também.
Por alguns minutos, ela apenas respirou — ou tentou. Até que as lágrimas vieram, desobedientes, derramando-se sem aviso.
Não havia mais nada a esconder. Não ali, sozinha.
Três batidas suaves na porta.
Ela se virou, hesitou, enxugou o rosto com a manga da blusa.
Outra batida, um pouco mais forte. E então a voz.
— Lu… sou eu.
Por um instante o n