Só há uma coisa que você pode fazer: aceitar.
O corredor até a sala de reuniões parece mais longo do que o normal. Ou talvez seja eu que esteja andando devagar demais, como se cada passo fosse um aviso do que está por vir. O ar ali dentro é pesado, denso, quase sufocante. Não é silêncio, é expectativa. Daquelas que esmagam.
Caio anda ao meu lado. Não toca em mim, mas a presença dele é constante, dominante, como uma sombra que não desgruda. O rosto está sério demais, controlado demais. Não consigo ler nada além de tensão contida.
As portas se abrem.
Raul está sentado à cabeceira da mesa, com as mãos cruzadas sobre a madeira escura. O cabelo grisalho, o olhar frio de quem já decidiu tudo antes mesmo de qualquer conversa começar. Tito está à direita, recostado na cadeira, observando como um predador paciente. Robson, à esquerda, folheia alguns papéis como se aquilo fosse uma reunião comum, empresarial, e não uma sentença disfarçada.
Luiz está de pé, próximo à parede. Quando me vê, sorri de canto. O mesmo sorriso de sempre. O sorriso