O silêncio não dura.
Christopher dá um passo em direção a Caio. Um movimento pequeno, quase imperceptível, mas carregado de tudo o que ficou mal resolvido entre eles. Caio reage imediatamente, colocando-se à minha frente, como se eu ainda fosse algo que pudesse ser guardado atrás do corpo dele.
— Não chega mais perto — Caio diz, a voz baixa, perigosa.
Christopher ri. Um riso curto, sem humor.
— Você ainda acha que pode decidir por ela?
— Eu decidi por ela quando você a deixou morrer.
A frase corta o ar como uma lâmina.
— Você tentou me matar — Christopher responde, avançando mais um passo. — Me roubou tudo. Meu nome. Minha vida. E agora quer roubar até o que restou dela.
Caio perde o controle.
Ele empurra Christopher com força, e o impacto contra a parede ecoa pelo quarto. O sangue ainda fresco do ferimento se espalha pelo tecido da camisa. Christopher reage, revidando o golpe, e os dois se chocam novamente, como se a violência fosse antiga demais para ser contida.
— Para! — eu grito.