Continuo parada, com a mão suspensa no ar, sentindo o peso daquela escolha esmagar meu peito. O silêncio no quarto é quase violento. Christopher ainda está ali, respirando com dificuldade, sangue escorrendo pelo canto da boca. Caio não se move. Nenhum dos dois ousa quebrar o momento, como se qualquer palavra pudesse ser definitiva demais.
Sou eu quem abaixa a mão primeiro.
Não em direção a nenhum deles.
Apenas deixo o braço cair ao lado do corpo, porque percebo, com uma clareza cruel, que escolher agora seria me perder para sempre.
— Eu não posso — digo, a voz fraca, mas honesta. — Não assim.
Christopher engole em seco. A decepção atravessa o rosto dele rápido demais para ser escondida, mas não há acusação em seus olhos. Só tristeza. Uma tristeza antiga, resignada, como se ele já tivesse esperado por isso.
— Eu esperei você — ele diz. — Mesmo quando achei que estivesse morta. Esperei porque você sempre foi a única coisa real no meio disso tudo.
As palavras me atravessam como lâminas.