Jim está morto.
O celular vibra quando a casa inteira parece respirar em suspensão. Não é alto. Não é urgente. Ainda assim, o som atravessa o quarto como um aviso tardio, como se algo tivesse acabado de morrer e só agora tivesse encontrado coragem para me avisar.
Olho para a tela sem pressa. Uma parte de mim já sabe. Outra insiste em negar, como se negar fosse uma forma de adiar o inevitável.
A mensagem não tem número. Não tem nome. Só uma frase curta, direta, brutal na simplicidade:
O homem ao seu lado nunca vai ser Christopher.
Meu peito aperta. Não é surpresa. É confirmação. Jim.
Ele sabia, sempre soube.
Sento na beira da cama, o telefone ainda na mão, os dedos frios, dormentes. Leio de novo. E outra vez. Não porque as palavras mudem, mas porque eu mudo a cada leitura. A cada repetição, algo em mim se desfaz um pouco mais.
Não é um aviso. É uma despedida.
Jim nunca foi de dramatizar. Nunca usaria palavras maiores do que o necessário. Essa frase é exatamente do jeito dele. Direta. Cruel. Honesta. U