Eu não sei quanto tempo fiquei sentada no banco do quarto depois que Caio saiu, mas minha respiração ainda estava presa no peito, como se algo grande estivesse para explodir dentro de mim. Cada memória nova abria uma rachadura, e cada rachadura deixava surgir uma espécie de assombração silenciosa: o verdadeiro Christopher.
A presença dele era como uma impressão digital na minha mente — pequena, mas impossível de apagar.
Eu estava com a cabeça baixa quando a porta abriu devagar, revelando Caio parado ali. Ele me observava com a mesma intensidade de sempre, aquela dominância silenciosa que fazia tudo em mim ficar alerta.
— A gente precisa conversar — ele disse.
Eu engoli seco.
— Sobre o quê?
Ele entrou, fechou a porta e ficou na minha frente, abaixando o olhar até o meu rosto como se procurasse rachaduras.
— Sobre você. E sobre o que você acha que lembra.
“Sobre o que você acha que lembra.”
Não “o que você lembra”.
Isso me deu arrepios.
— Minhas lembranças estão voltando — eu disse, fir