Narrado por Zalea Baranov
O salão era um mausoléu de riquezas.
Um altar profano onde homens riam entre goles de whisky envelhecido e conspirações sussurradas.
Eu era o sacrifício.
Sentada ao lado de Ivan, meu corpo permanecia imóvel, mas minha alma se encolhia a cada toque.
Seu braço envolvia minha cintura como uma algema de carne.
Não era proteção — era domínio.
Cada gesto dele dizia ao mundo: “Ela me pertence.”
E naquele mundo, “pertencer” era sinônimo de silêncio, obediência e dor.
A fumaça dos charutos dançava no ar com mais liberdade do que eu.
A luz dourada dos lustres cintilava sobre minha pele marcada, tentando transformar hematomas em ouro, feridas em ornamentos.
Mas nada disfarçava a verdade.
Dmitri me observava como um homem observa uma arma prestes a disparar — fascinado pelo perigo, excitado pela possibilidade de sangue.
E então, ele.
Zaiden.
Senti-o antes de vê-lo.
Era como se o chão mudasse de gravidade, como se o ar ganhasse um sabor metálico.
Sua presença era uma somb