Narrado por Leonid Raskolnikov
Eu não soube quando deixei de respirar. Só percebi quando vi o vulto correr em meio às árvores, como uma sombra desfeita da noite.
Meu coração parou, meu sangue silenciou.
Era ela.
Zalea.
Mas não era a mesma que a vida me entregara semanas atrás.
Seu corpo vinha despido de alma, coberto por folhas, arranhões e vestígios de dor.
Os olhos… céus sem estrelas.
A boca, um altar de silêncio e súplica.
Corri ao seu encontro, e quando ela caiu aos meus pés, senti o mundo cair comigo.
Ela sussurrou, com os últimos fôlegos da própria alma:
— Não importa o que aconteça… se eu viva ou morra… salva o bebê em meu ventre.
O tempo morreu ao redor.
Eu a ergui em meus braços como quem ergue o universo em ruínas.
Seu vestido branco estava manchado de terra, de sangue seco, de violência.
Mas ela ainda era minha Plamya.
A chama que nem o inferno conseguiu apagar.
— Eu te tenho, meu amor. Eu te tenho agora. — sussurrei, sentindo minha garganta apertar em preces mudas.
Corri