Narrado por Leonid Raskolnikov
O quarto estava mergulhado em sombras, e o silêncio era uma criatura viva, respirando entre as frestas da noite. Eu ainda a segurava contra o peito como quem guarda um segredo antigo, e seu corpo, tão frágil quanto a lembrança de um sonho ruim, tremia em ondas quase imperceptíveis. Foi quando, entre um suspiro e outro, sua voz finalmente me alcançou — tênue, trêmula, como se tivesse medo de existir.
— Eu tenho medo, Leonid… tanto medo…
Fechei os olhos, permitindo que suas palavras se cravassem em mim como facas de vidro. A dor dela era uma presença silenciosa, uma ausência de paz que escorria pelos cantos do tempo. E mesmo que eu jamais pudesse compreender por completo os labirintos do inferno que ela habitava, algo dentro de mim sussurrava que aquele medo era antigo, mais velho que ela, talvez herdado como maldição.
— Eu sei — murmurei, minha voz rouca, baixa, embargada pelo peso da impotência. — Mas eu vou estar aqui… para enfrentá-lo com você.
Não era