Narrado por Zalea Baranov
A madrugada se enroscava em minha pele como serpente fria, mas os braços de Leonid eram muralha e refúgio. Encaixei-me contra o peito dele como quem se lança ao abismo e, por ironia, encontra chão. O coração dele batia como uma promessa antiga, uma prece silenciosa que tentava costurar os meus cacos com o compasso de uma paz que eu não conhecia. E, ainda assim, o medo sussurrava. Sempre sussurra. Como uma lembrança que se recusa a morrer.
Por que ele não veio antes?
Por que meu caminho precisou ser riscado primeiro com sangue, com gritos, com o toque do monstro que chamava de pai?
Por que Zaiden veio antes dele? Com os olhos que fingiam ternura, mas escondiam tempestade?
Eu me perguntava se amor e dor eram realmente opostos, ou se apenas se entrelaçavam como amantes cruéis.
Será que Leonid seria a ponte ou o abismo final?
O salvador ou o último carrasco que beijaria minhas ruínas antes de pisar sobre elas?
Fechei os olhos e mergulhei no calor dele, buscando e