Zalea Baranov
Saber que o bebê… o nosso bebê… ainda vivia em mim… acendeu uma chama adormecida sob os escombros do meu corpo. Uma centelha pequena, mas furiosa, que queimava onde antes só havia gelo. Era como se, por dentro, eu florescesse em meio aos cacos.
Leonid me olhava como se o mundo dele tivesse um único centro: eu, deitada ali, naquele leito que cheirava a antisséptico e lembranças mal apagadas.
Enquanto aguardávamos os médicos, permiti-me observar melhor aquele homem que outrora parecia invencível. Agora, ele parecia feito de cansaço e saudade. Estava mais magro que da última vez que o vi — barba por fazer, o cabelo desalinhado, os olhos… afundados, como poços exaustos de esperar o milagre que agora jazia frágil em sua frente.
— Você parece mais magro… — murmurei, tentando soar leve. — Não se cuidou enquanto eu estava fora?
Ele me olhou como se a minha pergunta fosse uma adaga afiada enfiada com doçura.
— Não havia motivo para me cuidar, Plamya. Sem você ao meu lado… eu não