Na memória de Orson Harris, Zara Garcia sempre fora uma mulher de personalidade apagada, rígida e sem graça. Durante todo o casamento, ele a via como alguém previsível, quase invisível em sua monotonia. Apenas depois do divórcio, Orson começou a perceber nuances que antes ignorava. Sua ex-mulher, outrora tão discreta, agora parecia brilhar de uma forma que ele nunca havia notado. Era delicada, encantadora, cheia de graça e mistério. Aquilo o corroía. Cada gesto dela, cada sorriso, fazia algo dentro dele se revirar. E quando finalmente cedeu à inquietação e tentou se aproximar novamente, Zara, com um sorriso que era ao mesmo tempo doce e cruel, respondeu com leveza: — Orson, você já está fora do jogo!
Leer másA casa em Cidade F estava desocupada havia muito tempo. Quando Zara voltou, ela levou vários dias limpando e organizando tudo aos poucos, até que o lugar ficasse minimamente habitável. Durante esse tempo, Natália não ficou parada. Ela acompanhava a mãe com um pano de limpeza, ocupada como uma pequena abelhinha trabalhadora. Zara pensava que, enfim, os dias delas seriam tranquilos e pacíficos novamente. Mas, de repente, uma declaração de desculpas começou a circular na internet. O comunicado era sobre o escândalo de meses atrás envolvendo Zara e Benício. A pessoa que havia espalhado os rumores confessou que, na verdade, nunca tinha visto Zara assediando Benício. Admitiu que inventou a história por ciúme, porque não aceitava que os dois trabalhassem juntos, e queria destruir a reputação de Zara. O caso já tinha sido praticamente esquecido pelo público. Mas o mundo do entretenimento é imprevisível, e Benício era um artista com enorme apelo. Assim que a notícia veio à tona, atraiu
Como se ela fosse algum objeto sendo disputado sem cerimônia, Zara deu um passo à frente após uma breve hesitação. Ela caminhou até Orson, estendeu a mão e tentou pegar sua própria mala. Orson percebeu o que ela estava fazendo. Aquele gesto… Parecia ser a resposta que ele não queria ouvir. O corpo dele enrijeceu imediatamente, e sua mão segurou a mala com ainda mais força. Zara sentiu a resistência na mão dele. Ela franziu as sobrancelhas, claramente incomodada, e o encarou. — Solte. Os lábios de Orson estavam firmemente cerrados. A tensão em seu braço era visível, com as veias saltando sob a pele. Ele olhou para Zara, incrédulo. Entre ele e Emory, ela havia escolhido Emory? Marta, ao testemunhar a cena, também franziu o cenho. Ela deu um passo à frente, tentando intervir. — Zara, talvez fosse melhor deixar que… — Orson, eu disse para soltar. Zara nem sequer esperou Marta terminar a frase. Apenas repetiu suas palavras, fitando Orson com firmeza. Orson manteve o olha
Emory havia dado o presente para Natália, e Zara acabou aceitando. No entanto, o prendedor de cabelo com pedrinhas brilhantes não agradou à menina. Depois de observá-lo por alguns segundos, ela simplesmente o guardou na gaveta do quarto. — Você não vai levá-lo com você? — Perguntou Zara. Natália balançou a cabeça. — Se você não gostou, quer que eu devolva o presente para o Emory? — Sugeriu Zara. — Pode devolver. — Respondeu Natália sem hesitar. A resposta dela deixou Zara intrigada. — Mas você não gosta tanto do tio Emory? Por que não gostou do presente que ele te deu? Assim que Zara terminou a frase, a expressão de Natália mudou sutilmente. Depois de um breve silêncio, ela respondeu: — Eu gosto do tio Emory, só não gosto desse presente. Zara estreitou os olhos, desconfiada, mas antes que pudesse dizer algo, Natália desviou o olhar e mudou de assunto rapidamente. — Eu prefiro brinquedos, mamãe. Fala pro tio Emory me dar um coelhinho de pelúcia da próxima vez? Za
Jéssica respondeu com uma serenidade inquietante, mantendo o olhar fixo em Melissa, como se estivesse desafiando-a a recuar. Melissa, por outro lado, tremia de raiva. Para ela, Jéssica não estava apenas insultando sua inteligência, mas também sua paciência. Então era isso que Jéssica tinha dito para Orson? Mais chocante ainda era o fato de Orson ter acreditado. Se fosse verdade, Melissa teve que admitir que estava errada sobre ele. Ele não era um louco. Era um completo idiota. Zara, percebendo que a situação estava prestes a sair do controle, segurou o braço de Melissa e deu um leve sorriso para Jéssica antes de se virar para sair. Mas a voz de Jéssica ecoou pelo banheiro. — Zara, eu ainda tenho algo para te dizer. — Dizer o quê? — Melissa foi a primeira a se virar. — Quem você pensa que é para falar assim com a gente? — Melissa, eu chamei a Zara, não você. — Você… — Melissa ficou tão furiosa que, por um momento, parecia prestes a avançar e puxar o cabelo de Jéssica.
— Ai, você não bebe mais, tá? Só de olhar já me dá um aperto no coração! Quando Zara saiu da cabine, ouviu a voz de Melissa ecoando pelo banheiro. Ela estava parada em frente ao espelho, lavando as mãos, enquanto imitava a voz de Jéssica com um tom exagerado, quase caricatural. Melissa nunca havia gostado de Jéssica. E, depois daquela noite, parecia que sua antipatia havia atingido um novo nível. Zara olhou para ela, com calma, e perguntou: — A Jéssica nem fez nada contra você. Por que você a detesta tanto? — Por que eu detesto ela? — Melissa arregalou os olhos, como se Zara tivesse feito uma pergunta absurda. — Tenho motivos de sobra! Você viu o teatrinho dela? Aquela falsidade toda? E mais, você não percebeu o que ela quis dizer? Ela basicamente deixou claro, na frente de todo mundo, que você e o Orson são coisa do passado! E o pior é que ela ainda tem coragem de fazer isso depois de tudo que aprontou! Você sabia que há poucos dias ela estava passeando no shopping com ou
Melissa não conseguiu conter uma risada sarcástica antes de dizer: — Jéssica, acho que já vi você na internet. — Ah, é mesmo? — Jéssica finalmente olhou para ela, com um sorriso que parecia ensaiado. — Melissa, então você é minha fã? Fã? Ela não merecia tanto. Melissa controlou o impulso de revirar os olhos e continuou: — Fã não é bem a palavra. Só vi algumas das suas lives de vez em quando. Mas, agora que penso, lembro que você tinha um namorado, não? Acho que era um colega seu, não era? — Sim, mas já terminamos faz tempo. — Respondeu Jéssica, com uma naturalidade desconcertante. — Sabe como é, não é crime namorar. No fim, quem não tem um passado? Enquanto falava, Jéssica lançou um olhar direto para Zara, com uma expressão que deixava claro para todos que, na sua opinião, Zara era apenas parte do "passado" de Orson. Melissa rangeu os dentes de tanta raiva. Estava prestes a responder, mas Zara, com um gesto discreto, puxou sua mão. Melissa franziu a testa, contrariada,
— A que horas é o voo de vocês amanhã? — Perguntou Melissa, enquanto olhava para Emory, deixando sua sugestão bastante clara. — Acho que não vou conseguir levar vocês ao aeroporto, meu dia vai ser bem corrido. Emory, percebendo a deixa, respondeu imediatamente: — Então eu levo vocês. Que horas? Zara respirou fundo antes de responder: — Não precisa, nós podemos pegar um táxi. — Melhor eu levar. — Insistiu Emory, com um tom que parecia carregar uma leve mágoa. — Vai saber quando nos veremos de novo. Melissa balançou a cabeça e soltou um “tsk”. — Exatamente, Zara. Essa sua decisão foi tão rápida que nem tivemos tempo de digerir! Zara apenas respondeu com um sorriso sem jeito. De repente, como se tivesse se lembrado de algo, Emory pegou uma sacola que tinha em mãos e a entregou para Natália. — Isso é para você, pequena. Natália olhou para o pacote rosa, envolto em um papel elegante, e depois virou o olhar para Zara. Zara reconheceu o logo na embalagem imediatamente.
Zara não respondeu. Apenas virou o rosto para olhar pela janela do carro. O silêncio tomou conta do ambiente. Depois de um tempo, foi Natália quem quebrou o clima: — Mamãe, eu queria brincar com a titia de novo. — Hum, já combinei de jantar com ela hoje à noite. — Respondeu Zara. — O tio Emory vai também? — Perguntou Natália. Assim que a menina falou, Zara não conseguiu evitar e lançou um olhar para Orson. Não era por outro motivo, apenas temia que ele pudesse perder o controle de repente. Para sua surpresa, Orson não disse nada. O carro continuou seguindo em frente, mantendo a mesma velocidade estável. Zara, então, voltou sua atenção para Natália e respondeu com um leve “sim”. Natália sorriu, animada, e balançou a cabeça afirmativamente. — Que ótimo! Eu adoro brincar com o tio Emory. — Por quê? — Perguntou Zara, curiosa. — Porque o tio Emory é muito bonito e, com ele por perto, eu sei que ele vai proteger você, mamãe. Assim que Natália terminou de falar, Orson
Zara sabia que Natália queria dizer algo a Orson, então ela apenas lançou um olhar para ele antes de se virar e sair da sala. Na entrada do hospital havia uma loja de conveniência. Zara comprou o leite que Natália queria e aproveitou para pegar um pacote de bolinhos. Ela não fazia ideia do que Natália e Orson conversariam, mas também não tinha pressa de voltar. Depois de pagar, deu algumas voltas pelo térreo do hospital. Só então decidiu subir novamente. Quando Zara chegou, a conversa entre Natália e Orson já havia terminado. Os dois estavam sentados lado a lado em silêncio, sem trocar nenhuma palavra. Zara sempre achou que os traços de Natália eram mais parecidos com os dela, mas, ao vê-los juntos, percebeu que a menina tinha algo de Orson. O formato do rosto, especialmente quando ambos apertavam os lábios em silêncio, parecia ter saído do mesmo molde. Ela ficou parada por um momento, observando, antes de se aproximar. — Mamãe! — Assim que viu Zara, os olhos de Natália bri