— Você doou seu esperma! — Acuso. — Isso foi há anos! — Bernardo Orsini baixa a voz, como se desesperado que alguém pudesse ouvir. — Eles podem manter nossos... materiais... congelados por anos! — Mas era só para alguns estudos... — ele tenta refutar novamente. — Bom, parabéns! Parece que o resultado do nosso estudo tem seis meses e se chama Ian! Aos 20 anos, precisando desesperadamente de dinheiro para se manter na faculdade de medicina, Alice Bianchi precisou tomar a atitude drástica de vender seus óvulos para um estudo. Foi quando ela conheceu Bernardo Orsini, futuro CEO de uma empresa multibilionária da área de tecnologia, mas, na época... apenas um idiota. E agora, eles têm um filho!
Leer másA noite estava quente e agradável, perfeita para relaxar após um dia exaustivo na residência. Saímos do hospital em grupo: eu, Jonas, minha colega de residência Clarice, e dois outros colegas, Ricardo e Paulo. Estávamos rindo e conversando, aliviados por termos sobrevivido a mais um dia caótico.
— Acho que merecemos um brinde — disse Clarice, levantando sua garrafa de cerveja. — À nossa sanidade!
— À nossa sanidade! — repetimos em coro, rindo.
Eu estava cansada, mas a companhia dos meus amigos fazia todo o esforço valer a pena. Jonas, meu namorado, estava ao meu lado, seu braço envolvendo meus ombros. Ele era extremamente inteligente e ambicioso, mas seu ciúme constante era algo que eu preferia ignorar. Nos conhecemos na faculdade, e depois de alguns anos como amigos, acabamos evoluindo a relação.
— Preciso ir para casa — disse, sentindo o cansaço se apoderar de mim. — Amanhã será outro dia difícil.
Jonas me olhou com preocupação.
— Eu te levo. Não quero que vá sozinha a essa hora.
— Obrigada — respondi, apreciando o gesto.
Nos despedimos dos outros e caminhamos até o carro de Jonas. Durante o trajeto, ele falava sobre os planos de carreira e as oportunidades que ele acreditava que surgiriam em breve. Eu ouvia, mas minha mente estava vagando, pensando no chuveiro quentinho e na cama confortável que me esperavam em casa.
— Sabe, Alice — disse Jonas, de repente. — Eu estive pensando sobre nossa situação. Talvez devêssemos considerar morar juntos. Facilitaria nossa rotina, especialmente com as longas horas que passamos no hospital.
Fui pega de surpresa pela sugestão.
— Morar juntos? Isso é um grande passo.
— Eu sei, mas estamos juntos há um tempo — Três anos, mais exatamente. — Parece o próximo passo lógico, não acha? — Ele olhou para mim com expectativa.
— Talvez — respondi, hesitante. — Vamos pensar sobre isso, ok? Só não agora, eu estou tão cansada!
Chegamos ao meu apartamento, e eu agradeci a Jonas pela carona. Quando me virei para entrar, algo chamou minha atenção. Havia uma cesta de vime na minha porta, e de dentro dela, ouvi um pequeno ruído. Meu coração deu um salto de ansiedade e excitação.
— Jonas, olha isso! Acho que alguém deixou um cachorrinho! — exclamei, já me abaixando para pegar a cesta.
Mas quando levantei o tecido que cobria o conteúdo, meu mundo parou. Não era um cachorrinho. Era um bebê. Um bebê de no máximo seis meses, com grandes olhos curiosos e bochechas rosadas.
— Meu Deus, é um bebê! — sussurrei, sentindo meu corpo tremer.
Jonas estava ao meu lado em um instante, olhando o bebê com a mesma expressão de choque que eu.
— Que raios...? Quem deixaria um bebê aqui?
Eu estava sem palavras. Olhei ao redor, como se esperasse que alguém aparecesse e explicasse tudo. E então vi um bilhete preso à lateral da cesta. Com mãos trêmulas, peguei o papel e comecei a ler em voz alta.
— "Alice, este é seu filho, Ian. Ele tem seis meses. O pai é Bernardo Orsini. Cuide bem dele. A verdade sobre como ele veio a este mundo está entrelaçada com o passado que você deixou para trás. Não há tempo a perder. Ele precisa de você."
Jonas ficou em silêncio por um momento, tentando processar o que acabara de ouvir. Então, a raiva e o ciúme começaram a tomar conta dele.
— Bernardo Orsini? Isso é ridículo! Como você pode ter um filho com outro homem e não me contar nada sobre isso? — Ele estava claramente desconfiado e furioso.
Meu coração batia descontroladamente.
— Jonas, eu juro que não sei de nada disso. — Olhei para o bebê, que agora estava começando a chorar suavemente. — O que eu faço?
— Como não sabe? Você tem um filho com um dos homens mais poderosos do país e não sabe? — Jonas estava andando de um lado para o outro, sua frustração evidente. — Isso não faz sentido, Alice. Tem que haver uma explicação.
— Eu realmente não sei, Jonas! — exclamei, desesperada. — Precisamos descobrir o que está acontecendo, mas agora, a prioridade é cuidar desse bebê.
Jonas passou a mão pelos cabelos dourados, claramente irritado e confuso.
— Não sei, Alice. Precisamos ligar para a polícia ou para o conselho tutelar. Não podemos simplesmente ficar com ele.
Eu sabia que ele estava certo, mas algo dentro de mim me dizia que não podia simplesmente entregar o bebê a estranhos. E o nome... Bernardo Orsini. Ele era um nome conhecido no mundo dos negócios, um bilionário poderoso. Como ele estava envolvido nisso? E por que esse bebê estava aqui, na minha porta?
— Eu... eu vou cuidar dele esta noite. Amanhã podemos decidir o que fazer — disse, finalmente, sentindo uma determinação que não sabia que possuía.
Jonas não parecia convencido, mas ele suspirou e assentiu.
— Tudo bem. Mas amanhã vamos resolver isso. E eu vou querer uma explicação, Alice. Como você pode ter um filho com alguém sem saber?
Eu assenti, pegando a cesta com cuidado e levando o bebê para dentro do meu apartamento. O pequeno Ian, como dizia o bilhete, se aconchegou nos meus braços, seu choro diminuindo.
Coloquei a cesta no sofá e comecei a procurar algo para alimentar o bebê, encontrando uma lata de fórmula e uma mamadeira que haviam sido deixadas na cesta. Enquanto preparava o leite, Jonas continuava a andar de um lado para o outro, claramente incomodado com toda a situação.
— Isso é loucura, Alice. Não podemos simplesmente assumir a responsabilidade por um bebê assim. E esse tal de Bernardo Orsini? Você o conhece? — A voz de Jonas estava carregada de ciúme e frustração.
— É o cara... da inteligência artificial que está todo mundo falando, não é?
— Sim, mas eu quero saber se você o conhece?
— Para um minuto e se escuta, Jonas! — Tentei manter a calma enquanto alimentava Ian. — Você me viu grávida, por acaso? Claramente eu não sou mãe dessa criança.
Jonas parou de andar e me encarou.
— Amanhã nós vamos procurar esse tal de Orsini. E eu vou querer todas as respostas, Alice. Não posso acreditar que isso está acontecendo.
Depois de alimentar Ian, tentei colocar em ordem meus pensamentos. Quem teria deixado esse bebê aqui e por quê? E como Bernardo Orsini se encaixava nisso? As perguntas giravam na minha mente, mas por enquanto, a prioridade era cuidar de Ian.
O apartamento estava silencioso agora, exceto pelo som suave da respiração de Ian. Sentei-me no sofá, ainda tentando processar tudo. Jonas sentou-se ao meu lado, mas o espaço entre nós parecia um abismo. Ele estava claramente incomodado, seu olhar fixo no chão.
— Alice, você sabe que eu te amo, certo? — disse ele, finalmente quebrando o silêncio.
— Eu sei, Jonas. Eu também te amo. — Respondi, tentando encontrar algum conforto em suas palavras.
— Mas isso... isso é muito para processar.
— É só algum tipo de brincadeira idiota.
Enquanto balançava Ian para fazê-lo dormir, olhei para seu pequeno rosto e senti uma conexão inexplicável. Este bebê precisava de mim, pelo menos por esta noite.
Quando minha mente finalmente começou a relaxar, uma parte do bilhete que eu havia ignorado me voltou a memória: “A verdade sobre como ele veio a este mundo está entrelaçada com o passado que você deixou para trás.”
— Merda! — Murmurei, quando uma conexão assustadora entre mim, Bernardo Orsini e o passado se encaixou como peças perfeitas de um quebra-cabeças. — Merda!
Não era possível! Era?
O tempo voou desde que Lara nasceu. Agora, ela já tinha um ano, e a vida parecia mais completa do que nunca. A cada risada, cada passo vacilante que ela dava, meu coração se enchia de amor. Ian estava crescendo rapidamente também e se tornava um irmão mais velho maravilhoso, sempre protetor com sua irmãzinha. Às vezes, eu parava e refletia sobre como tudo havia mudado, como as dificuldades que enfrentamos antes pareciam tão distantes agora.Bernardo e eu havíamos enfrentado tantos desafios desde o início do nosso relacionamento. O começo, embora torto, foi o alicerce de tudo que construímos juntos. Hoje, nos orgulhamos não apenas do nosso passado, mas, principalmente, dos pilares cada vez mais firmes que ergueram nossa família. Cada passo que demos nos aproximou mais, fortalecendo nosso compromisso e o legado que desejamos deixar para nossos filhos.Aquela noite era especial. Estávamos em Paris para a cerimônia de premiação do Prêmio Internacional de Medicina, um reconhecimento que de
Minha risada alta ecoou pelo escritório, fazendo com que Bernardo olhasse para mim com um sorriso divertido. Era incrível como ele conseguia transformar momentos estressantes em pura alegria. Eu estava tão envolvida na revisão dos últimos detalhes da linha de brinquedos "Saúde Brincando" que, mesmo com a barriga já enorme, não percebi o quanto me divertia trabalhando ao seu lado.Com a gravidez avançando e a rotina do hospital se tornando cada vez mais inviável, finalmente tive que me afastar do trabalho. Mas, para manter minha sanidade mental — porque, convenhamos, eu sou o tipo de pessoa que simplesmente não consegue ficar parada sem fazer nada — nós dois decidimos nos empenhar nesse novo projeto. O desenvolvimento da linha de brinquedos interativos não só era emocionante, como também me dava um propósito durante essa fase da vida.— Então, estamos prontos para apresentar o avião que vai monitorar os batimentos cardíacos e a temperatura da criança enquanto voa? — Bernardo comentou,
Os dias passaram como um borrão, e conforme minha barriga crescia, eu percebia como as atividades diárias estavam se tornando cada vez mais desafiadoras. Com a chegada da nossa segunda filha, comecei a reduzir gradualmente minha carga de trabalho no hospital. As longas jornadas e os plantões exaustivos deram lugar a uma rotina mais leve, focando nas cirurgias eletivas e no cuidado dos pacientes em tratamento. A gravidez me ensinou a ser mais atenta a mim mesma e ao que realmente importava. E no momento, o que importava era a minha família.Era uma tarde tranquila quando Ian começou a apresentar os primeiros sinais de que não estava se sentindo bem. Sua energia habitual deu lugar a um semblante abatido, e a febre logo se instalou. Enquanto tentava distraí-lo com seu novo avião de brinquedo — um modelo moderno, cheio de luzes e sons —, eu monitorava seus sintomas básicos. Com o termômetro na mão, verifiquei sua temperatura e anotei no caderno que mantinha ao lado.— Está tudo bem, meu p
Os dias passaram como um borrão, repletos de trabalho e responsabilidades, mas Bernardo e eu nos comprometemos a manter nossos pequenos momentos de romance. Depois da última grande festa em família, o aniversário de três anos de Ian, que foi um verdadeiro sucesso, mal tive tempo para respirar antes de começarmos a planejar a próxima celebração: o chá revelação do nosso bebê.Por mais que algumas pessoas considerassem essa tradição ultrapassada, decidimos fazer tudo nos conformes. Não tivemos a oportunidade de viver essa experiência com Ian, e queríamos aproveitar cada detalhe dessa vez. A empolgação de descobrir se teríamos uma menina ou um menino tornou tudo ainda mais especial. A ideia de reunir amigos e familiares para compartilhar esse momento nos encheu de alegria.Com cada novo dia, eu e Bernardo nos dedicávamos a organizar o evento. Entre listas de convidados e escolhas de decoração, o que mais me encantava eram as pequenas conversas que compartilhávamos sobre como seria nosso
O dia tinha começado perfeito. Bernardo havia planejado um final de semana romântico no Hotel Milani Serrano, e eu mal podia esperar para aproveitar um tempo a sós com ele, longe das pressões do trabalho e das obrigações diárias. O carro estava cheio de nossas coisas, incluindo algumas guloseimas e um vinho especial que ele escolheu para a ocasião.O clima ensolarado do final de sexta-feira e a expectativa de um final de semana juntos deixavam o carro cheio de energia positiva. Mas, à medida que seguíamos pela estrada, o céu começou a escurecer com nuvens pesadas, como se algo não estivesse certo. O vento começou a soprar forte, e logo a chuva começou a cair. No começo, eram só algumas gotas, mas logo virou um temporal, dificultando nossa visão da estrada.Enquanto a tempestade aumentava, a estrada à nossa frente desaparecia sob um manto denso de água, e eu me sentia cada vez mais preocupada. Olhei pela janela, tentando enxergar algo além daquela cortina de chuva, mas tudo parecia um
~ BERNARDO ~Assim que cheguei ao hospital, uma raiva fervilhava dentro de mim, misturada a uma ansiedade avassaladora. A imagem de Alice internada me deixava inquieto, o coração acelerado em um ritmo frenético. Cada passo que dava parecia levar uma eternidade. O que minha mulher estava fazendo aqui, e por que eu era o último a saber? A incerteza corroía minha mente, enquanto eu tentava imaginar o que poderia ter acontecido. A necessidade de estar ao lado dela crescia a cada segundo.Encontrei Jonas do lado de fora do quarto. Era interessante pensar que, de alguma forma, eu e o ex-namorado de Alice, aquele com quem já havia trocado socos em um momento de ciúmes, tínhamos nos tornado algo próximo de amigos. O tempo e as circunstâncias haviam suavizado as arestas de nossa rivalidade. Até mesmo saímos juntos em casal algumas vezes, já que Alice e Tina eram inseparáveis. A estranha conexão que desenvolvemos me fazia perceber que, por trás de todo o conflito, havia um respeito mútuo que ti
Último capítulo