Às sete da noite, Orson voltou pontualmente à mansão.
Fiona estava na sala de estar naquele momento. Assim que o viu, deu alguns passos à frente, apressada.
— Cunhado! Você voltou!
Orson lançou-lhe um leve sorriso, erguendo os olhos logo em seguida.
Zara, que observava a cena em silêncio, apertou os lábios e caminhou até ele para pegar o casaco que ele tirava.
— O jantar está pronto. — Disse Zara, com o tom reservado de sempre.
Na mesa, enquanto todos começavam a comer, Fiona olhou de relance para Zara antes de baixar o tom de voz:
— Desculpa, cunhado. Estar aqui não está atrapalhando você e minha irmã? — Perguntou Fiona, com uma expressão hesitante. — Eu até falei pra mamãe que podia ficar sozinha, mas ela não quis deixar...
— Não tem problema. — Respondeu Orson, sem hesitar. — Fique aqui o quanto precisar. Se precisar de algo, é só falar.
— Sério? Não vai ser um incômodo?
— Claro que não.
— Srta. Fiona, a sua presença só traz alegria pra esta casa! — Comentou Ivone, enquanto dispunha mais pratos sobre a mesa. — Faz tempo que não temos tanta animação por aqui!
Zara, que estava em silêncio, hesitou por um instante ao ouvir o comentário, a mão parando por um momento com o garfo no ar.
No entanto, ela sabia que Ivone tinha razão. Ela própria se sentia deslocada naquela casa. Sempre foi mais reservada, distante. Não tinha o carisma de Fiona, que conquistava a todos com facilidade. Mesmo Orson parecia falar mais na presença da Fiona do que quando estava apenas com ela.
Zara terminou rapidamente a comida no prato e se levantou.
— Vou subir. Continuem comendo. — Anunciou Zara, sem rodeios.
— Irmã, você vai comer só isso? — Fiona perguntou, franzindo a testa. — Então eu vou com você.
— Não precisa. — Zara afastou com leveza a mão que Fiona havia colocado sobre o braço dela. — Fique à vontade.
Sem esperar resposta, virou-se e subiu as escadas.
Antes de sair do alcance da conversa, ouviu Fiona dizer baixinho, com uma voz quase trêmula:
— Cunhado, irmã está chateada comigo? Eu... Não devia ter vindo? Estou atrapalhando vocês?
Havia uma ponta de emoção embargada na voz dela, que parecia prestes a chorar.
Zara apertou o passo. Não queria ouvir mais nada. Não sabia o que Orson respondeu, mas tampouco se importava.
Ao entrar no quarto, ligou o computador. Abriu um arquivo, mas ficou encarando a tela em branco por longos minutos, sem conseguir escrever uma única palavra.
O quanto de tempo se passou, ela não sabia. Mas o som de uma notificação no celular a tirou do torpor.
Era uma mensagem de Orson: [Venha.]
Zara olhou para a mensagem por alguns segundos, mas decidiu ignorá-la.
Porém, Orson não enviou outra mensagem. Ele sabia que não precisava.
Pouco tempo depois, ela fechou o notebook, levantou-se e saiu do quarto.
Essa era a razão pela qual ele nunca insistia: ele sabia que ela acabaria obedecendo.
Ao chegar à suíte principal, Orson saiu do banheiro exatamente naquele momento.
Os olhos dele foram diretamente para a roupa que ela ainda não havia trocado. A testa dele franziu levemente, mas ele não disse nada. Apenas a puxou de repente, levando-a direto para o banheiro.
A água quente do chuveiro começou a cair de imediato, encharcando as roupas e os cabelos de Zara.
A sensação do tecido molhado grudado à pele a incomodava, fazendo-a franzir a testa. Estava prestes a empurrá-lo, mas Orson foi mais rápido. Segurou a cabeça dela com firmeza e a beijou, invadindo sua boca com intensidade.
O jeito dele era autoritário, e seu beijo não era diferente. Mesmo após dois anos juntos, Zara ainda não estava completamente acostumada. E naquele momento, dentro do banheiro, a falta de ar veio rapidamente.
As pernas dela começaram a ceder, e o corpo inteiro encostou-se ao dele, buscando algum apoio.
Foi então que ambos ouviram claramente o som de uma voz do lado de fora.
— Cunhado, você está aí?