Era a primeira vez que Zara visitava o asilo onde Paula estava internada. E, ao que tudo indicava, seria também a última. Natália também nunca tinha estado em um lugar como aquele. Seus olhos curiosos observavam tudo ao redor. De repente, ela virou a cabeça para Zara e perguntou: — Mamãe, por que ali onde estavam tomando sol só tem velhinhos? — Porque aqui é um asilo, meu amor. Só os idosos moram aqui. — E os filhos deles? — Devem estar trabalhando fora. — Mas eles não ficam com eles? Deve ser muito solitário. Quando Natália terminou de falar, o homem que as guiava à frente virou a cabeça e as olhou rapidamente. Zara não respondeu nada. Apenas apertou com mais força a mão da filha. Naquele dia, Marta também tinha ido com elas, mas não quis entrar para ver Paula. Ela sabia que não era a pessoa que Paula desejava ver em seus últimos momentos. Por isso, optou por esperar do lado de fora do quarto. — Sra. Zara, por favor, por aqui. — Disse o guia, mantendo o tom sempre
Zara apertou os lábios, mas acabou pegando os documentos. — Obrigada. Depois de falar, ela olhou para Natália. A menina, rápida em reagir, murmurou: — Obrigada, bisa. Paula não respondeu. Apenas se recostou na cama, mantendo os olhos fixos em Natália. Zara não tinha mais nada a dizer para Paula. Entre elas, não havia assuntos pendentes, e Natália, ainda um pouco assustada, não parecia à vontade perto da idosa. Por isso, elas não ficaram muito tempo no quarto. Quando Paula finalmente caiu no sono, Zara segurou a mão de Natália e saiu do quarto. Ela pensou que Marta ainda estaria esperando do lado de fora, mas, para sua surpresa, quem estava lá era Orson. Ao vê-lo, Zara imediatamente franziu as sobrancelhas. Orson, no entanto, parecia calmo. Seus olhos pousaram por um momento no arquivo que Zara segurava nas mãos. Zara hesitou por um instante antes de estender os documentos para ele. — As ações que Paula deu. Não têm utilidade para mim. É melhor que você as fique.
Orson, no fim, acabou discando aquele número. Era a primeira vez em mais de dois anos que ele tentava entrar em contato com Percival. Mas, para sua surpresa, quem atendeu ao telefone não foi Percival. — Você é parente dele? Algum familiar? A pergunta do outro lado da linha fez Orson franzir o cenho. Ele imediatamente percebeu que havia algo errado. — O que aconteceu com Percival? — Ele sofreu um acidente de carro. O ferimento infecionou. — Explicou a pessoa. — Se você for parente, é melhor vir buscá-lo e transferi-lo para outro lugar. O país para onde Percival havia ido tinha condições de saúde e infraestrutura médica extremamente precárias. Todos os anos, incontáveis pessoas morriam de malária e outras doenças. Para os locais, a situação já era crítica. Para alguém como Percival, sozinho em um lugar desconhecido e sem qualquer apoio, parecia impossível conseguir acesso a qualquer tratamento de qualidade. Orson, no início, pensou em deixá-lo ali, abandonado à própria sort
O calor dentro do quarto só terminou de vez duas horas depois. O som da água vindo do chuveiro preenchia o ambiente, enquanto Zara Garcia, após alguns minutos de descanso, finalmente se levantava da cama. Suas pernas ainda tremiam, e ela se abaixou para pegar as roupas espalhadas pelo chão. As ações dele naquela noite tinham sido um pouco mais intensas do que o habitual, a ponto de sua mente ainda parecer vazia. Tentou abotoar o pijama várias vezes, mas seus dedos trêmulos falhavam repetidamente. Logo, o homem saiu do banheiro. Sua figura era alta e imponente, os traços do rosto fortes sem perder a beleza. Envolto apenas por uma toalha amarrada na cintura, gotículas de água deslizavam lentamente por seus músculos definidos, escorrendo pelo abdômen até desaparecerem. Ao notar que Zara ainda estava ali, ele franziu levemente as sobrancelhas. Zara, por sua vez, evitou olhá-lo diretamente. Mantendo o olhar fixo no botão do pijama, continuou travando sua pequena batalha silenciosa
Quem falava era Ophelia Brown, melhor amiga de Fiona e herdeira de um grande grupo empresarial.Ophelia e Fiona cresceram juntas. Desde sempre, Ophelia era uma das maiores apoiadoras do relacionamento entre Fiona e Orson. Agora, com Zara ocupando o lugar de Sra. Harris, Ophelia obviamente não nutria bons sentimentos por ela. Quando Ophelia viu Zara parada na porta, seu semblante continuava impassível, sem qualquer sinal de constrangimento ou desconforto.Foi Fiona quem quebrou o silêncio, chamando-a com suavidade:— Irmã, você veio?Zara apenas assentiu com a cabeça.— Vim te buscar. Já arrumou suas coisas?— Já sim. Vamos.Fiona respondeu de forma dócil, enquanto Zara se mantinha séria. Ophelia, no entanto, não conseguiu segurar a língua:— Sra. Harris, e o Sr. Orson? Hoje é o dia da alta da Fiona e ele não veio buscá-la?— Ele foi para a empresa. — Respondeu Zara, com tranquilidade.— Ah, parece que ele está muito ocupado. Só não sei se está tão ocupado assim ou se foi você quem não
Às sete da noite, Orson voltou pontualmente à mansão. Fiona estava na sala de estar naquele momento. Assim que o viu, deu alguns passos à frente, apressada. — Cunhado! Você voltou! Orson lançou-lhe um leve sorriso, erguendo os olhos logo em seguida. Zara, que observava a cena em silêncio, apertou os lábios e caminhou até ele para pegar o casaco que ele tirava. — O jantar está pronto. — Disse Zara, com o tom reservado de sempre. Na mesa, enquanto todos começavam a comer, Fiona olhou de relance para Zara antes de baixar o tom de voz: — Desculpa, cunhado. Estar aqui não está atrapalhando você e minha irmã? — Perguntou Fiona, com uma expressão hesitante. — Eu até falei pra mamãe que podia ficar sozinha, mas ela não quis deixar... — Não tem problema. — Respondeu Orson, sem hesitar. — Fique aqui o quanto precisar. Se precisar de algo, é só falar. — Sério? Não vai ser um incômodo? — Claro que não. — Srta. Fiona, a sua presença só traz alegria pra esta casa! — Comentou Iv
Zara sentiu o corpo estremecer e, num instante, abriu os olhos. Suas mãos se moveram com força, tentando empurrá-lo. Mas Orson parecia alheio a tudo. Com um movimento rápido e decidido, segurou os pulsos dela e a pressionou contra a parede. Seus gestos eram tão firmes e autoritários quanto sempre foram. Zara quis soltar um grito, mas algo lhe passou pela mente, e ela engoliu o som antes que escapasse. O barulho do chuveiro continuava, abafando qualquer ruído. Fora do banheiro, Fiona parecia não ter percebido nada e ainda insistia: — Cunhado? Zara virou o rosto para encarar Orson. Seu rosto estava vermelho — talvez pela raiva, talvez por outro motivo. Seus olhos estavam arregalados, carregados de emoção. Era um contraste gritante com sua habitual calmaria. Ela parecia mais viva do que nunca. Orson, ao vê-la assim, intensificou os movimentos, como se estivesse descarregando algo que carregava dentro de si. Seus corpos, perfeitamente sincronizados, levaram Zara a um clímax i
Fiona cresceu junto com Orson, então conhecia a Mansão Harris muito melhor do que Zara. Assim que entrou na casa, caminhou animada em direção a Paula, com um sorriso caloroso: — Vovó! — Meu Deus, é a Fiona? — Exclamou Paula, visivelmente contente. — Deixa eu ver... Você está mais magra de novo, não está? — Não estou, não, vovó. — Respondeu Fiona, rindo. — Olha só, fiz acarajé pra você! — Que menina querida, sempre tão atenciosa! As duas conversavam animadamente, com Paula exibindo um sorriso radiante. Mas, no momento em que Zara se aproximou, o sorriso de Paula diminuiu consideravelmente. Zara, fingindo não notar a mudança, cumprimentou-a formalmente: — Olá, vovó. Paula a olhou por um instante, como se quisesse dizer algo mais, mas Zara desviou o olhar rapidamente e chamou alguém que estava na escada: — Sogra. — Sra. Marta! — Fiona, que estava apoiada no ombro de Paula, endireitou-se de imediato ao avistar Marta. Seus olhos demonstravam um misto de respeito e ap