O cheiro de café fresco invade o corredor da mansão.
Valentina caminha descalça, cabelo preso num coque bagunçado, vestindo apenas um robe de seda preto.
Cada passo dói. Cada marca no corpo arde.
E ela… adora cada segundo disso.
Ela entra na sala de estar onde Victor já está instalado como uma madame escandalizada:
Óculos escuros enormes, uma máscara de pepino numa mão e um Bloody Mary na outra.
— Bom dia, santa da luxúria. — ele solta sem sequer olhar.
— Bom dia, diabo do drama. — ela responde, pegando uma xícara.
Victor abaixa os óculos, mira no pescoço dela e arregala os olhos.
— VOCÊ DORMIU COM ELE!
Ela engasga com o café.
— Não grita!
— Eu sabia! Tava escrito nas estrelas e no seu clitóris, provavelmente. Dormiu, sim ou claro?!
— Não foi dormir. Foi…
— Foi “ficar inconsciente de prazer”, né? Amor, a sua aura tá em coma.
Ela se senta no sofá.
Encosta a cabeça. Fecha os olhos.
— Foi só uma noite.
— Aham. E eu sou hétero de terno. Tá marcada no corpo, na alma e na certidão de óbito