A névoa se arrastava pelo vale como dedos espectrais. O vento soprava do leste, carregando murmúrios antigos, vozes que só os lobos conseguiam ouvir. Lia caminhava na floresta com os pés descalços, seguindo o sussurro que dançava entre as árvores. Algo a chamava. Não era um perigo, mas uma convocação.
Ela havia acordado naquela manhã com um zumbido nos ossos, um arrepio sob a pele que não era frio, mas um chamado ancestral. Helena reconheceu o sinal, e apenas disse:
— Chegou a hora de ouvir os que vieram antes.
Lia não perguntou. Apenas partiu.
Enquanto andava, as folhas pareciam se curvar ao seu toque. A floresta se abrira para ela como se reconhecesse sua nova posição. Agora Alfa, agora líder, mas também algo mais. Uma ponte entre o novo e o velho.
Etan a seguia, mas a distância. Por respeito. Por instinto. Ele sabia que aquela jornada era dela. Ainda assim, seus olhos não desgrudavam das costas da mulher que amava. Pronto para protegê-la. Ou simplesmente para estar ali, mesmo que e