O mundo havia mudado.
Mesmo que as árvores permanecessem de pé, mesmo que os ventos sussurrassem as mesmas canções noturnas, algo invisível havia se alterado no ar. O véu — essa barreira etérea entre mundos — não era mais uma fronteira silenciosa.
Agora, ele respirava.
Com cada passo que Melanie dava pela vila, sentia a vibração da terra ecoar como um coração prestes a despertar. Lia caminhava ao seu lado, os olhos mais vivos, mais aguçados. E Etan... Etan começava a ouvir notas que não estavam sendo tocadas.
Notas do outro lado.
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Desde o ritual, Melanie via faíscas nas bordas da realidade.
Linhas douradas tremulavam no ar como rachaduras de luz, especialmente próximas de antigos locais sagrados — a raiz cristalizada, o templo de pedra, a borda do lago.
Ela tentou ignorar, mas não conseguia.
Era como se o véu estivesse se expandindo. Ou pior… como se estivesse prestes a rasgar.
— Não está mais apenas entre mundos — disse Lia, observando o céu nublado. — Está tentando nascer aqui.
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