28. Carta a irmã

A noite caiu com lentidão sobre o Rio de Janeiro, tingindo o céu de tons alaranjados e depois de um azul profundo. As luzes dos prédios da zona corporativa começavam a brilhar como constelações urbanas, e a Constellation Global permanecia viva, mesmo depois do expediente, com faxineiros circulando pelos andares e máquinas zumbindo em ritmo constante.

Isabela estava em um dos vestiários, sentada no banco de madeira entre os armários metálicos, com as mãos ainda ligeiramente sujas de produto de limpeza. Tinha tirado o jaleco, deixado os cabelos soltos, e segurava entre os dedos a pequena folha de papel de caderno dobrada em três partes.

Era uma carta.

Escrever à mão era um gesto raro, quase nostálgico, mas naquele dia ela sentira necessidade de algo mais íntimo, mais real. Mariana merecia mais do que uma mensagem apressada pelo celular. Merecia suas palavras completas, com o tempo que ela não tinha, mas fazia questão de oferecer.

Com a caneta simples em punho, ela começou:

“Quer
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