22. Auditoria surpresa
Era segunda-feira, e o clima no 7º andar estava mais tenso do que o habitual. Um burburinho discreto havia começado logo após as 10h da manhã, se espalhando pelos corredores como uma corrente elétrica silenciosa: um auditor externo estava no prédio.
A palavra “auditoria” sempre causava reações distintas — ansiedade nos gestores, inquietação nos assistentes, nervosismo nos terceirizados. Mas, para Isabela, aquele tipo de movimento significava uma coisa: observação em dobro. E ela sabia como isso podia afetar quem trabalhava nos bastidores.
A copa corporativa, onde executivos buscavam cafés e reuniões improvisadas aconteciam entre um gole e outro, era um dos pontos críticos da avaliação. Isabela estava ali por escala naquela manhã, reorganizando o estoque de utensílios e limpando a área de preparo, quando o silêncio se rompeu com a entrada de um homem alto, de óculos retangulares, blazer claro e expressão meticulosa.
— Bom dia. Sou Flávio Moreira, auditor interno da QualityFirst Cons