20. O deslize no elevador
O dia tinha sido longo. E estranho. O tipo de dia em que tudo parece correr mais devagar — menos os pensamentos.
Isabela estava exausta, mas mantinha a compostura. Já passava das dezenove horas, e a Constellation Global estava praticamente vazia, exceto por algumas luzes acesas nos andares superiores, como pequenas vigílias corporativas.
Ela acabava de recolher o material de limpeza do 15º andar, empurrando o carrinho silencioso pelo piso de mármore. Naquele horário, ninguém mais circularia por ali — ou assim pensava.
Ao apertar o botão do elevador, ouviu passos firmes vindo do corredor. Não precisou olhar para saber quem era. Aquela presença já era quase um campo magnético.
Rafael surgiu ao seu lado, sem gravata, o paletó dobrado no braço. O rosto estava sério, mas cansado — os olhos, mais escuros do que o usual.
— Boa noite — disse ele, após um segundo de hesitação.
— Boa noite — respondeu Isabela, recuando discretamente o carrinho para abrir espaço.
O elevador chegou.
Ambos