A sede da filial da Constellation Global em Medellín tinha uma arquitetura moderna, espelhada, com amplos jardins verticais e salas de reuniões equipadas com tecnologia de ponta. Mas apesar da recepção calorosa e da aparência de inovação, Isabela percebeu, já nos primeiros dias, que o verdadeiro desafio não seria estrutural — seria cultural.

O projeto social, que havia sido um sucesso retumbante no Brasil, não encontrava o mesmo entusiasmo ali. Os líderes locais estavam visivelmente desconfortáveis com a proposta de envolver comunidades vulneráveis diretamente em ações corporativas. Em uma das primeiras reuniões, um gestor local, chamado Javier, resumiu a resistência em uma frase:

— Aqui, envolvimento comunitário é visto como caridade, não como estratégia. Temos receio de parecer paternalistas.

Isabela ouviu em silêncio, absorvendo o conteúdo por trás das palavras. A desconfiança não era pessoal. Era sistêmica.

— Entendo suas preocupações — ela respondeu, mantendo a postura firme,