Lizandra acreditava ter uma vida perfeita, pensava ser a mulher mais feliz do mundo por ser casada com alguém que a amava e respeitava, mas uma noite ela descobre que o seu marido não era o homem perfeito que acreditava ser e sim um traidor. Naquela mesma noite, quando pensou ser a pior de sua vida, ela conhece Darlan e esse encontro dá à ela a oportunidade de ter uma noite inesquecível. Sabendo que o marido teria um filho com outra, ela passa a noite com Darlan e pela manhã ela vai embora decidida a esquecer aquela noite de pura luxúria. Mas depois de alguns meses ela descobre algo inesperado, algo que mudaria para sempre a sua vida, algo que acreditava ser impossível.
Ler maisAs águas escuras corriam sem que Lizandra visse, apenas o barulho das águas correndo debaixo da ponte a faziam ter certeza ser ali um rio. Com certeza quem a visse ali pensaria que fosse uma louca, por estar se arriscando ali sozinha aquela hora da noite, era tarde e poucos carros passavam por aquele lugar.
Queria acreditar que tudo ficaria bem, mas a verdade é que estava se sentindo perdida e vazia. Ser otimista sempre foi o seu lema, mas dessa vez estava sendo difícil se manter nessa convicção. O seu coração estava dilacerado, doia como se tivesse uma adaga fincada nele, a sua vontade naquele momento era de gritar bem alto, gritar como não havia gritado, xingar como não havia xingado, queria extravasar toda a raiva que sentia, mas se agisse dessa forma não seria a Lizandra que todos conheciam. Talvez o seu grande defeito fosse exatamente esse, ser equilibrada demais, ser calma demais. Ali sozinha, na escuridão da noite, acreditava que ser capaz de se manter sempre no controle da situação, não era uma qualidade, e sim um grande defeito, talvez fosse melhor ser uma pessoa como qualquer outra, que gritasse de forma histérica e desiquilibrada quando estivesse com raiva. — Dê que me adiantou tudo isso? Qual o valor que me foi dado por ser esse exemplo de pessoa meiga e educada? — Ela se pergunta em voz alta se debruçando sobre o parapeito da ponte — Dê que me adiantou tanto equilíbrio? Uma lágrima corre por sua face e Lizandra se debruça ainda mais sobre o peitoral da ponte. Ela fecha os olhos e permite que as lágrimas saiam livremente, era difícil se permitir chorar, mas quando chorava era difícil parar. Estava ainda debruçada sobre o parapeito da ponte quando uma voz soa ao seu lado, fazendo com que se assustasse. — Espero que não esteja disposta a ver o que tem lá embaixo — Um homem surgiu ao seu lado, não se sabe de onde e Lizandra o olha de lado — Acredite, para quase tudo se tem solução — Ele fala como se pensasse em um provável suicídio, a fazendo rir de lado, tentando inutilmente enxugar as lágrimas. — Pensa mesmo que estou pensando em me jogar dessa ponte? — Só podia ser um desconhecido para pensar nessa possibilidade. Lizandra fica atenta ao homem ao seu lado, vestido de jaqueta escura e usando um boné, se fosse um outro dia estaria com o coração na boca, mas ela estava tão irritada e com tanta raiva, que se aquele homem anunciasse um assalto, ela o jogaria ponte abaixo sem medo algum. — Pensa mesmo que estou pensando em me jogar dessa ponte? — Ela pergunta novamente, vendo o homem a encarar sem nada dizer, como se ele realmente acreditasse nisso, seria cômico se não fosse trágico, ela pensa dando um sorriso sarcástico, voltando a olhar para a escuridão a sua frente, mas agora sem chorar. — É claro que não, com certeza só está apreciando a paisagem — A resposta que ele lhe dá a faz rir de verdade. — Tenha certeza que essa escuridão não é tão sombria quanto ao que estou vivendo no momento — Lizandra responde depois de deixar de sorrir. — Você realmente não está pensando em se jogar, estou certo? — O homem fala com certa apreensão — É claro que eu não vou me jogar, jamais cometeria tal loucura, não consigo nem imaginar essa possibilidade. Para a sua informação, eu amo muito a minha vida para cometer algo assim. — Me desculpe, mas não é sempre que vemos uma mulher debruçada sobre o parapeito de uma ponte, olhando a escuridão abaixo dela. — Estava apenas descansando, corri muito para tentar diminuir a raiva que estou sentindo, mas parece que o efeito foi exatamente o contrário. — Quer conversar? — O homem pergunta calmo, se recostando na mureta, pondo as mãos nos bolsos da jaqueta. — Pensei que já estivéssemos conversando — Lizandra respondo rindo, o fazendo sorrir também — Eu por um acaso tenho cara de idiota? — Não, não tem — O homem responde sincero, mas Lizandra tem suas dúvidas. — Que bom — Lizandra volta a olhar para a escuridão — Eu estava aqui pensando que eu devia ter cara de idiota, mas já que eu não tenho, fui apenas burra, mas muito burra mesmo, por ter sido cega por tantos anos — Eles permanecem em silêncio por um tempo — Você teria coragem de manter um casamento sabendo que sua esposa não consegue engravidar? — A pergunta faz o homem a olhar e nada dizer, era como se ele estivesse pensando em uma resposta. — Se eu a amasse sim, afinal teríamos a opção de adotar um bebê, ou mesmo uma criança maior — A resposta a deixa surpresa. — Sua esposa é uma mulher de sorte. Vocês tem filhos? — Não sou casado, estou a espera da pessoa certa, não certa no sentido de ser certinha, mas certa no sentido de me completar. — Uau! Bonito isso que acabou de dizer. Mas sem querer te decepcionar, saiba que nem tudo o que reluz é ouro, as vezes nos decepcionamos. — Quer dar uma volta? — A pergunta a deixa surpresa e por isso, ela o olha a procura de um sinal de perigo, mas depois de pensar um pouco ela decide aceitar. Por que não? Se ele quisesse assalta-la, com certeza já teria anunciado o assalto, pensa otimista.Lizandra, depois que os pais de Darlan a cumprimentam com educação, sobe para o seu quarto. Ela fica sentada em uma poltrona perto da janela, tentando se concentrar na leitura de um livro, mas sem sucesso, por fim ela o fecha e o deixa de lado. Lizandra pensa no que viveu até ali, depois de se divorciar, e se sente incomodada. Sempre se considerou uma mulher independente e dona de si, mas nos últimos dias estava vivendo em um relacionamento onde em nada opinava. Uma frustração a atinge e ela só queria que Darlan entendesse a sua decisão de voltar a morar sozinha. Queria muito que ele a compreendesse, pois ela não estava abrindo mão dele, ela só queria retomar o controle de sua vida. Ela nem se quer dormia no quarto de Darlan, por mais que dormissem juntos, dormiam em um dos quartos de hospede que lhe foi preparado. Lizandra nunca comentou sobre isso, e acreditava não ter motivos para reclamar, afinal ela era bem tratada, não apenas por Darlan, mas por todos, até mesmo Marlon a es
Lizandra estava em seu apartamento com Lara, elas tinham ido até lá falar com Carmem, Lizanfra queria pedir que ela arrumasse o quarto de sua mãe que chegaria em alguns dias. Queria também aproveitar para escolher qual seria o quarto do bebê e quando ela diz isso Lara estranha. — Foi por isso que estava adiando para preparar o quarto do bebê lá em casa? — Lara pergunta visivelmente decepcionada — Por não ter intenção de continuar morando lá. — Lara, não me leve a mal, e nem me considere mal agradecida, mas aqui é a minha casa. Eu aceitei ficar com vocês por não poder ficar sozinha e por me sentir mais segura com vocês. — O que está querendo dizer? — Lara pergunta vendo Lizandra entrar em um dos quartos do apartamento — Que aceitou ficar conosco apenas por não ter opção? — Não foi isso que eu disse — Lizandra olha para Lara — Não foi por falta de opção que eu fiquei com vocês por todo esse tempo. Eu disse que morar com vocês, fazia me sentir mais segura, isso por me sentir em
Darlan estava em seu escritório, quando a sua secretária avisa que alguém queria lhe falar, ele fica pensando o que a pessoa queria, a princípio pensou em não atender, mas depois mudou de ideia. Quando Clara entra em seu escritório, Darlan se põe de pé. Clara estava com o filho no colo, e Darlan pede para que ela se sente na poltrona em frente a sua mesa, isso depois de lhe cumprimentar. Ele a conhecia, da época queJoana, a mãe de Clara trabalhava para os pais dele. Darlan se senta em uma poltrona em frente a dela, e espera ela falar. — Me desculpe vir procurar o senhor, sei que é um homem ocupado, mas é que... — Clara havia pensado muito antes de tomar a decisão de procurar Darlan — Como eu posso dizer... bem... — Acredito que se veio até mim é porque tem algo a me falar, e como você mesma disse, sou um homem ocupado — Darlan cobra sem ser ríspido. — Me desculpe... mas é que... — Clara puxa e solta o ar, buscando coragem — Eu não sei se é verdade que o senhor está tento um
Lizandra ignora Amanda, aceitando a ajuda de Célia com as roupinhas, mas percebendo que Amanda não tinha intenção de ir, decide reforçar o que já havia dito. — Amanda, a questão não é ser educada. Eu nem sei porque veio me visitar, vê se eu tenho cara de ficar dando atenção a ex namorada de Darlan? — Lizandra pergunta calma. — Nossa! Quanta grosseria... — Lizandra deixa de lado o que está fazendo e olha séria para Amanda e o seu olhar, a faz se calar. — Saiba que eu simplismente não sou obrigada a te receber, apenas isso — Lizandra olha para Célia que aguardava as suas ordens — Célia, será que você poderia acompanhar Amanda até a saída, por favor. — Olha, agora eu vejo que Otávio não mente quando diz que você é arrogante. Como não está interessada em saber o que eu tinha a te falar, o melhor que eu faço é ir embora. — Não venha tentar me envenenar, saiba que eu não sou mulher que acredita em qualquer coisa. — Se está dizendo — Amanda se aproxima de Lizandra com um sorriso
Naira ao ver a determinação da filha, decide tentar persuadi-la a mudar de ideia, isso porque antes Rafael parecia concordar com suas opiniões, mas depois do reencontro dele com Leonor, parecia que ele havia voltado a ser o Rafael que ela tinha conquistado, o jovem romântico e sonhador. — Filha, não cometa tal loucura, eu conversei com o seu pai e vamos ter uma conversa séria com o seu marido, ele não vai mais te desrespeitar — Laira pede calmamente, querendo que a filha acreditasse em sua preocupação. — Eu não o amo, mamãe. Nunca o amei, sabe disso — Lara responde se mantendo firme em sua decisão. — Vai me dizer que ainda gosta do motorista do seu irmão? — Lara não responde e Naira decide continuar — Filha, ele não é para você, seu pai não te criou para se casar com um motorista. — Eu não quero falar sobre isso, mamãe — Lara responde, soltando o braço da mãe do seu — Eu vou conversar com papai, eu só peço que fique aqui torcendo para que ele aceite a minha decisão. — Ah,
Lara segue o conselho do irmão e tomando coragem ela preocura o pai. Rafael a princípio estranha a ligação da filha, já que ela nunca ligava para ele e sim para a mãe. — Oi papai! — Lara diz assim que escuta a voz do pai. — Oi minha filha, como você está? — Rafaele pergunta com voz mansa, cansado de ser tão rígido com os filhos, por acreditar ser o melhor para eles. — Eu preciso conversar com o senhor — Lara pede com voz temerosa, por não estar se sentindo tão confiante. — Pode falar. — Queria que fosse pessoalmente, mas não sei se o senhor permitiria que eu fosse até aí... — Por que não? Aqui também é a sua casa, Lara. Além disso, não há nem mesmo a necessidade de você morar com o seu irmão. — Mas o senhor não permitiria que eu morasse aí, pois me obrigaria a voltar para Luiz e eu não quero voltar para ele. — Eu acho que o seu pai está ficando velho, já nem sei o que eu quero ou o que eu não quero. — Quer dizer que eu posso mesmo ir aí? — Lara pergunta receosa.
Último capítulo