Lizandra estava em sua loja de cosméticos, havia se trancado em sua sala, pois a vergonha que sentia por tudo o que estava vivendo a fazia pensar que todos soubessem pelo que estava passando. Sempre foi uma mulher alegre e de muitos sorrisos, mas na atual circunstâncias só sentia vontade de chorar, nada mais que isso, querendo que aquele pesadelo acabasse o quanto antes. A atitude de Otávio a deixou em pânico, dessa vez tinha dado sorte dele a deixar, mas o motivo não foram os seus argumentos, mas por ele está atrasado para se arrumar para o trabalho.
A atitude que ele teve naquela manhã só a fez remoer o que ele havia feito na noite anterior. Apresentar a amante como prima era subestimar muito a sua inteligência. Lizandra tentava se concentrar no trabalho, mas estava sendo difícil, ela só conseguia pensar em quando chegou em casa na noite anterior e encontrou Otávio sentado no sofá de sua sala ao lado de uma bela morena de olhos negros e cabelos cacheados. A aproximação dos dois lhe pareceu suspeita, mas Lizandra nada disse, e Otávio ao vê-la entrar em casa, se levantou de onde estava e foi até ela, mas diferente das outras vezes, ele não a beijou e nem mesmo a abraçou como fazia sempre. — Oi Liz — Foi o que ele disse, e Lizandra permaneceu parada olhando de um para o outro, sentindo a tensão no ar. — Quem é essa mulher, posso saber? — Lizandra perguntou com uma sensação ruim. — Ela é... ela é uma prima — A resposta titubeante fez Lizandra desconfiar ainda mais de que havia algo errado — Essa é Clara, a minha prima. — Prima? Desde quando você tem prima? Sempre me disse só ter a sua avó — A mulher permanecia calada, e nem para Lizandra olhava, se mantinha olhando para as próprias mãos. — Clara é uma prima distante, chegou a poucos dias na cidade e me procurou pedindo ajuda, por isso ela ficará um tempo aqui em casa. — Como assim? — Lizandra perguntou sem entender. — Clara não tem onde ficar, e eu disse que ela podia ficar aqui em casa por um tempo — Otávio, tentou ser firme em suas palavras, mas a tentativa não foi suficiente para evitar que Lizandra sentisse o cheiro de mentira no ar. — Otávio... — A mulher tentou falar, mas Otávio a interrompeu rapidamente. — Não se preocupe, Clara. Vai ficar tudo bem. — Vamos conversar no nosso quarto — Lizandra sentindo todo o seu corpo tremer, o confrontou assim que entraram no quarto — Me diz a verdade Otávio, quem é essa mulher? — Eu já lhe disse, ela é minha prima. O que mais quer que eu diga? — A verdade! Ela não é sua prima, é óbvio, que não é — Lizandra sentiu medo de ter certeza de suas suspeitas, saber que o homem a quem amava, havia levado a amante para dentro da própria casa, foi decepcionante. — Liz, me escuta. — Você acha mesmo que eu vou acreditar nessa história de prima? Ela por um acaso é sua amante? — Ela não é minha amante, está maluca? — Otávio não foi tão categórico em sua resposta, o nervosismo transparecia em cada palavra sem que ele notasse. — Então me diz, quem é aquela mulher? Mas não minta, dizendo ser sua prima — O silêncio de Otávio foi a resposta que ela precisava — Eu não acredito que trouxe a sua amante para dentro da minha casa. — Nossa casa... — Então realmente ela é a sua amante? — Liz fica em choque com tamanho absurdo. — Eu não disse isso. Liz, me escute, Clara realmente é minha prima, tem que acreditar em mim — Otávio há muito tempo havia deixado de ser convincente, a calma de Lizandra o desestabilizou por completo. — Só me responde uma coisa, quer mesmo que ela more aqui? — Lizandra sentiu vontade de bater em Otávio, mas de nada adiantaria ser agressiva — Eu quero os dois fora da minha casa. — Essa casa também é minha, não se esqueça que eu ajudei a comprar. — Claro, e por isso se acha no direito de trazer a sua amante para morar aqui. Quer que eu divida a cama também? — Lizandra pergunta debochada. — Liz, ela não é minha amante, além disso, ela irá ficar aqui apenas por um tempo. — Eu não acredito nessa história de prima, portanto, quero essa mulher longe da minha casa. — Eu não vou fazer isso. Você acreditando ou não, ela é mesmo a minha prima. — Sendo a sua prima ou não, aqui ela não fica. Que fique em um hotel, ou pousada, pouco me importa — Lizandra em nenhum momento acreditou naquela história de prima. Otávio se mostrou disposto a continuar com a mentira, mas Lizandra não facilitaria as coisas para ele, não mesmo, pensou o olhando com raiva. Disposta a desmascarar Otávio, Lizandra sai do quarto decidida afrontar a mulher que os esperava na sala, preferia sofrer com a verdade do que continuar sendo enganada pelo marido.