Lizandra ao chegar na sala encontra a mulher sentada na mesma posição, sentiu vontade de avançar sobre ela e lhe arrancar os cabelos, mas não foi isso que fez, até mesmo por não ter certeza dela ser amante de Otávio, mas com uma frieza que parecia ser de uma pedra de gelo, se aproximou da mulher calmamente.
— Pode me dizer o que você é do meu marido? — Eu? — Sim, você, ou tem outra pessoa aqui na sala? — Lizandra fez a pergunta olhando para os lados. — Eu... — Já disse que ela é minha prima — Otávio se apressou em responder, interrompendo Clara, o que fez Lizandra olhar para ele. — Meu marido está dizendo que você é uma prima, mas confesso que não acredito nessa história, portanto eu não irei permitir que fique hospedada em minha casa. — Eu não tenho para onde ir, Otávio sabe disso. Otávio... — Clara, não se preocupe, eu irei resolver isso — Otávio estava nitidamente nervoso, mas tentava demonstrar tranquilidade. — Eu não sei o que ele te disse, mas essa casa é minha, e se você se envolveu com ele pensando ser ele um homem rico, desculpe te decepcionar, ele é apenas um assalariado — A mulher nada responde, mas olha para Otávio que agia como se não soubesse a maneira certa de resolver aquela situação. — Eu não estou me sentindo bem — Clara põe uma das mãos na testa e a outra ela apoia no braço do sofá. — Clara, o que você está sentindo? — Otávio corre até ela para lhe dar atenção e Clara se apoia nele como se fosse desmaiar deixando Otávio desesperado — Clara, fala comigo. — Otávio, o meu bebê, eu não estou me sentindo bem, eu não quero perder o bebê — Lizandra fica em choque com o que acabou de ouvir. Ela olha para o marido ali, amparando uma mulher que sem que ele visse a olha com um ar de sorriso. — Esse filho por um acaso é seu, Otávio? — Otávio ignora a pergunta de Lizandra, sua preocupação naquele momento era com Clara e com a criança que ela esperava — Esse filho que espera é do meu marido? — Lizandra dessa vez pergunta para Clara que a olha, mas não para responder a pergunta que lhe foi feita, mas sim, para lhe pedir algo. — Será que poderia me trazer um pouco d'água? — Dessa vez é Lizandra que ignora o pedido feito pela mulher, mas não de propósito, pois a verdade era que ela não conseguiria se mover, assim como não saberia dizer o que estava sentindo naquele momento, talvez uma mistura de decepção, mágoa e humilhação, além de raiva e revolta. — Lizandra, traga um pouco d'água para Clara, por favor, não vê que ela está passando mal? — Esse filho é seu Otávio? — Otávio não diz nada e o seu silêncio é a confirmação que Lizandra precisava ter — Como pôde fazer isso comigo, Otávio? — Nessa hora era como se o mundo tivesse desabado sobre ela. Lizandra estava há anos tentando engravidar, se sentindo frustada todas as vezes que tinha um alarme falso, e agora ali estava o seu marido amparando outra mulher que carregava no ventre um filho dele. A cena a fez se sentir morta por dentro, e sua vontade foi desaparecer como em um passe de mágica, mas isso seria impossível, por isso ela faria os dois desaparecerem da sua frente, pensa decidida. — Eu quero você e essa mulher fora da minha casa. — Eu não vou a lugar nenhum — Ao ouvir Otávio afirmar categoricamente que não sairia de casa, Clara mais uma vez mostrou um sorriso e Lizandra mordeu os lábios para não jogar uma praga na mulher fingida a sua frente, e para não fazer algo que se arrependesse depois, pega a bolsa da tal Clara e abrindo a porta a lança longe. — Se não quiser que eu faça o mesmo com você, saia a.go.ra! — Lizandra aponta a porta aberta para a mulher que olha para Otávio, como se esperasse uma atitude por parte dele, mas Otávio nada diz. Vendo isso, Lizandre decidiu acrescentar algo — Não se preocupe, ele irá com você, pois aqui ele também não fica. — Eu e a Clara não temos nenhum relacionamento, mas ela está grávida e não posso deixá-la na rua. — Otávio, o melhor que você pode fazer é ir embora daqui com a sua amante, pois, ou você leva essa mulher embora, ou eu mesma vou jogá-la no olho da rua, estando ela grávida ou não de um filho seu — Apesar das palavras ásperas, Lizandra conseguiu expressá-las sem se alterar — Não queira testar a minha paciência. Lizandra nunca imaginou passar por uma humilhação como aquela, ver a amante do marido sentada no sofá de sua sala, e o seu marido disposto a mantê-la dentro da casa deles, como se fosse algo normal e natural. Nem que ela tivesse sangue de barata suportaria tal situação.