A porta da minha casa se fechou atrás de mim com um som que ecoou pelo corredor vazio. Não era apenas a madeira batendo no batente parecia um ponto final, uma sentença silenciosa.
Joguei as chaves sobre o aparador e, por alguns segundos, fiquei parada, encarando o próprio reflexo no espelho da entrada. Eu não parecia comigo mesma. Meus olhos, sempre firmes, carregavam um peso estranho. O batom estava borrado, e meu cabelo, que sempre fazia questão de arrumar, estava despenteado. Não importava.
Deixei a bolsa no sofá e segui até a cozinha. Liguei a cafeteira mais por hábito do que por vontade de beber alguma coisa. O cheiro do café começou a se espalhar, mas não conseguiu preencher o vazio que se instalara no peito.
O telefone vibrou sobre o balcão.
Livia.
Respirei fundo antes de atender.
— Oi, Elisa.
— Bea… Clara me ligou. Ela me contou o que aconteceu com a sua mãe. Como você está?
Fechei os olhos, tentando conter o nó na garganta.
— Estou… — procurei uma palavra que não soasse como