A primeira coisa que percebi ao abrir os olhos foi a luz suave filtrando-se pelas cortinas. Por um instante, não soube exatamente onde estava até sentir o aroma de café vindo da cozinha e me lembrar da noite anterior. O peso no peito estava um pouco mais leve, mas ainda presente. Virei a cabeça e, para minha surpresa, Dante estava sentado na poltrona próxima à cama, me observando com um sorriso que, em qualquer outro contexto, eu chamaria de presunçoso.
— Bom dia. — A voz dele tinha um calor inesperado. — Mesmo no caos, você dorme como um anjo.
Revirei os olhos, ainda com a voz rouca de sono.
— Alguém já te disse que você é estranho?
Ele deu de ombros, o sorriso se alargando.
— Quase todo dia.
Contra minha vontade, uma risada escapou. Pequena, mas sincera. Dante tinha esse efeito irritante de encontrar brechas no meu humor, mesmo quando eu jurava que não existiam.
Ele se levantou, caminhando até o pé da cama com aquele ar de quem já tinha tudo sob controle.
— Vai se arrumar. Nós vamos