Beatrice Marchesi
A noite já estava avançada quando Dante e eu finalmente chegamos à minha casa. Fechei a porta atrás de mim, ainda sentindo o cheiro de pipoca e o aroma do perfume dele, que, inexplicavelmente, trazia uma calma que eu não experimentava há anos. Dante se encostou levemente ao batente, os olhos fixos nos meus, como se quisesse decifrar cada linha do meu rosto iluminado apenas pela luz suave do hall.
— Então? — perguntou, com um sorriso quase malicioso. — O que achou do filme?
Sorri, deixando o cansaço escorrer por entre os meus dedos.
— Para ser sincera, me surpreendi — respondi, cruzando os braços numa tentativa inútil de parecer indiferente.
Ele arqueou uma sobrancelha, aproximando-se com aquela confiança tranquila que sempre me tirava o fôlego.
— Para ser sincero me surpreendi com o seu gosto, não sabia desse seu gosto para tiro, porrada e bomba.
Eu ri, um riso leve, quase infantil.
— Você não faz ideia do quanto eu amo isso.
— Então está explicado. — O brilho nos