Fechei a porta do meu escritório com um estalo seco, quase como se estivesse tentando trancar todos os problemas e gritos que haviam preenchido o ar naquela casa nos últimos minutos. O silêncio, porém, não trouxe alívio, só fez o peso no peito aumentar, como uma corrente pesada que me puxava para baixo.
Aline estava no corredor, com passos hesitantes, olhando para o chão como se ele pudesse esconder a confusão que brilhava nos seus olhos infantis. Eu a segui, tomando cuidado para não parecer ameaçador ou ainda mais assustador, porque aquele era o momento em que eu precisava ser o pai que ela merecia, não o homem preso em sua própria queda.
Chegamos ao quarto dela, uma mistura delicada de brinquedos espalhados, pôsteres coloridos e livros amontoados em cima da escrivaninha. Ela se virou para mim, e seus olhos marejados buscaram algo na minha expressão, como se quisesse decifrar o que realmente acontecia dentro daquela casa que já fora o lar seguro dos seus sonhos.
— Papai... — sua voz