Meu pai começou a quimioterapia, eu e minha mãe fomos com ele na primeira sessão.
O cheiro forte do hospital, os corredores frios, os rostos abatidos de outros pacientes e acompanhantes — tudo aquilo me atingiu como uma pancada. Era diferente estar ali por outra pessoa, e muito mais difícil quando essa pessoa era seu próprio pai. A sala de aplicação era silenciosa, com algumas cadeiras dispostas em fileiras e pacientes ligados aos soro gotejando lentamente suas esperanças de dias a mais.
Meu pai sentou-se, ainda com seu bom humor contido, tentando nos tranquilizar.
— Isso aqui vai parecer só uma vitamina — disse, forçando um sorriso para mim e para minha mãe, que lutava para não chorar.
Mas eu vi nos olhos dele o medo. O mesmo que eu também sentia.
Segurei sua mão durante os primeiros minutos. Ficamos em silêncio. Não precisávamos dizer nada. Era como se aquele momento nos dissesse tudo o que importava: que o tempo agora era precioso, que a vida não vinha com garantias, e que o amor,