O relógio marcava quase meio-dia, e o escritório começava a assumir aquele ritmo entre o fim da manhã e a espera pelo almoço.
Henrique, encostado na mesa, examinava um contrato com concentração fingida — mas qualquer um que o conhecesse bem saberia que ele estava apenas tentando ocupar a mente. Desde o momento em que Elize saíra da sua sala, algo nele não encaixava.
A porta se abriu depois de dois breves toques, como sempre acontecia quando Arthur estava por perto.
— Precisa de alguma coisa, Arthur? — Henrique não tirou os olhos do papel.
— Você sabe algo sobre a família da nossa querida estagiária? — Arthur se sentou na cadeira em frente à mesa com aquele ar debochado de quem só está ali pra perturbar o juízo alheio. — E se eu te dissesse que a Elize tem um sobrinho?
Henrique parou. Não bruscamente. Mas com lentidão. Como quem percebe que está diante de uma armadilha e tenta não fazer barulho ao recuar.
— Um sobrinho? — repetiu, agora sim olhando para o irmão. — Ok. E por