Capítulo 57 – Sementes no vento

O relógio marcava quase meio-dia, e o escritório começava a assumir aquele ritmo entre o fim da manhã e a espera pelo almoço.

Henrique, encostado na mesa, examinava um contrato com concentração fingida — mas qualquer um que o conhecesse bem saberia que ele estava apenas tentando ocupar a mente. Desde o momento em que Elize saíra da sua sala, algo nele não encaixava.

A porta se abriu depois de dois breves toques, como sempre acontecia quando Arthur estava por perto.

— Precisa de alguma coisa, Arthur? — Henrique não tirou os olhos do papel.

— Você sabe algo sobre a família da nossa querida estagiária? — Arthur se sentou na cadeira em frente à mesa com aquele ar debochado de quem só está ali pra perturbar o juízo alheio. — E se eu te dissesse que a Elize tem um sobrinho?

Henrique parou. Não bruscamente. Mas com lentidão. Como quem percebe que está diante de uma armadilha e tenta não fazer barulho ao recuar.

— Um sobrinho? — repetiu, agora sim olhando para o irmão. — Ok. E por
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