Henrique subiu ao pequeno palco, ajustou o microfone com um leve nervosismo visível e olhou na direção dela. Só dela.
O karaokê começou a tocar os primeiros acordes de “Por onde andei” de Nando Reis. A plateia reconheceu na hora e começou a reagir, mas ele manteve os olhos só em Elize.
Então começou.
“Desculpe, estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo”
A voz dele não era perfeita, mas era real.
Aquele tipo de canto que você faz de peito aberto, sem medo de parecer ridículo — porque o sentimento é maior que qualquer nota musical.
A mesa, antes barulhenta, ficou em silêncio.
Elize, parada, com os olhos fixos nele, sentiu tudo — a ausência, a espera, o reencontro.
“E o que eu te dei
Foi muito pouco ou quase nada…”
Henrique desceu do palco nos últimos versos.
“Por onde andei
Enquanto você me procurava”
O microfone foi entregue a alguém, e ele se ajoelhou ali mesmo, em frente à mesa.
“Será que eu sei
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava