Ela não sabe. Ainda não. Mas Clara é diferente de tudo que já toquei.
Não é só o jeito como ela fala com firmeza e doçura ao mesmo tempo. Nem só o olhar, que parece atravessar o que eu tento esconder. É o que ela não exige. O que ela não força. O que ela simplesmente é.
E isso me desarma.
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Quando a vi pela primeira vez, soube que seria problema. Não porque ela fosse difícil. Mas porque eu sou. E ela, sem saber, começou a desmontar o que eu levei anos pra manter intacto.
Ela pergunta com os olhos. E eu respondo com silêncio. Porque o que carrego não cabe em palavras. Ainda não. Ainda não pra ela.
Mas ela espera. E isso me assusta mais do que qualquer confronto.
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Hoje, ela me tocou diferente. Não com desejo. Com cuidado. E eu quase contei. Quase disse o que está trancado naquela caixa. Quase deixei cair o nome que não uso há anos. Quase deixei escapar o motivo pelo qual nunca fico.
Mas não. Ainda não.
Porque se ela souber agora... talvez não me olhe mais assim.
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Eu escrevi sob