O céu estava nublado naquela manhã, mas não chovia. Era como se até o tempo estivesse esperando, suspenso, em silêncio, por aquele momento tão aguardado. A varanda estava limpa, a nova parte da casa cheirava a tinta fresca e bolo de fubá, e Manu havia arrumado os brinquedos “mais legais” na beiradinha do quarto novo.
— Ele vai gostar? — perguntou ela, com os olhos brilhando.
— Ele vai se apaixonar — disse Lívia, beijando sua testa.
Rafael estava inquieto. Tinha passado a noite anterior varando madrugadas entre pensamentos, medos e orações silenciosas. Nunca se imaginou pai outra vez. Mas agora… sentia que, apesar de tudo, tinha nascido para esse papel.
Paula chegou por volta das dez da manhã.
Desceu do carro devagar, com Bento dormindo nos braços. O menino tinha cachos bagunçados, pele morena dourada pelo sol e os traços firmes de Rafael, como se o tempo tivesse esculpido o rosto do pai num corpo menor.
Rafael foi até ela. Os olhos nos olhos. Nenhuma palavra.
Apenas um gesto: estendeu