A cidade preparava a festa de São João.
As ruas já estavam enfeitadas com bandeirinhas coloridas, e o cheiro de milho cozido, amendoim torrado e canela tomava conta do ar. Crianças corriam de um lado para o outro com chapéus de palha, e os adultos revezavam entre organizar as barracas e ensaiar a quadrilha.
Lívia hesitou em ir. Depois da confusão com o pai de Manu, sentia-se esgotada, como se o mundo tivesse se inclinado demais e ela precisasse reaprender a andar. Mas Rafael insistiu.
— Você precisa sorrir. E Manu também.
— E você? — ela perguntou.
— Eu só quero ficar do seu lado. Mesmo que em silêncio.
E foi assim que, naquela noite, ela vestiu um vestido florido, arrumou os cachos da filha com um lacinho vermelho e, com as mãos trêmulas, saiu pela primeira vez com Rafael como… um casal.
O efeito foi imediato.
As pessoas da cidade, curiosas como só cidade pequena consegue ser, lançaram olhares discretos — e outros nem tanto. Havia cochichos, comentários abafados, mas também sorrisos