O dia seguinte amanheceu calmo. A casa azul cheirava a café fresco e pão quente. Rafael estava no quintal, consertando a cerca. O som dos pregos entrando na madeira, o vai e vem da serra, o cuidado quase artesanal com cada tábua — tudo nele era contido, mas profundamente vivo.
Lívia o observava pela janela da cozinha, distraída, enquanto mexia a colher no café que preparava. Perguntava-se, em silêncio, como aquele homem tão fechado podia aos poucos estar se abrindo diante dos seus olhos. Era como ver uma flor desabrochando no tempo certo, sem pressa, sem forçar.
Manu brincava com seus lápis sob o Sol da varanda, rindo alto. Aquele riso era música para os ouvidos de Rafael. Ele levantava os olhos de vez em quando, apenas para ver se ela ainda estava bem, segura, livre. Havia algo curativo naquela pequena — uma leveza que desarmava até os medos mais antigos que ele tinha.
Lívia segurava A xícara de café encostada próximo a bancada enquanto observava Rafael arrumar a cerca sem que ela p