Era para ser só uma manhã comum. O céu estava limpo, o cheiro de pão caseiro se espalhava pela cozinha e Manu insistia em queimar as torradas porque queria “elas mais crocantes que o normal”.
Lívia ria, como sempre ria das pequenas bagunças da filha, quando sentiu a fisgada. Uma dor breve, aguda, na parte baixa da barriga. Sua mão foi instintivamente até o ventre, e o sorriso escapou do rosto.
— Mamãe? — Manu perguntou, preocupada.
— Está tudo bem, meu amor — respondeu com a voz ainda firme. — Só preciso me sentar um pouquinho.
Sentou-se na cadeira da cozinha, respirando fundo. Rafael, que vinha do jardim com um punhado de alecrim nas mãos, parou ao ver sua expressão.
— O que houve?
— Uma dor rápida. Nada demais. Só me assustou um pouco.
Mas ele não comprou a resposta. Conhecia o jeito que ela tinha de minimizar tudo, inclusive o que sentia. Sem dizer mais nada, foi buscar uma almofada para suas costas e um copo d’água.
— Vai deitar. Eu levo a Manu na escola hoje.
Ela tentou protestar