A chuva caía em gotas grossas, furiosas, contra os vidros da cobertura. Eu estava sentada no sofá da sala, com um copo de vinho quase intocado nas mãos. Meus dedos tremiam ligeiramente. O som dos trovões não era mais alto do que o silêncio entre nós. Você estava do outro lado do cômodo, encostado na parede com os olhos em mim, como se esperasse que eu desmoronasse de uma vez.
— Você quer me dizer agora? — perguntei, a voz falha. — Ou vai continuar me escondendo como sempre faz?
Você passou as mãos pelos cabelos molhados, impaciente. Estava encharcado, havia acabado de entrar. A camisa colada ao corpo deixava à mostra cada traço do seu físico esculpido — um contraste cruel com o caos da nossa conversa.
— Eu te protegi. — A sua voz era baixa, rouca, como se você estivesse cansado de repetir a mesma frase. — Protegi você de um mundo que não perdoa. Que não aceita fraquezas.
— Eu não sou fraca, Emir. — Levantei-me, largando o copo na mesa com força suficiente para o líquido derramar. — E