O frio da montanha não era o pior. O que realmente gelava a espinha era a sensação constante de que estávamos sendo observados. Mesmo com o sistema de segurança de última geração que Mehmet instalou, as noites pareciam mais longas, o vento mais denso, e o silêncio… suspeito demais.
Na terceira noite no chalé, acordei com um barulho. Algo leve, como passos sobre neve compactada. Sentei na cama, sentindo o coração disparar. Ao meu lado, Mehmet dormia profundamente, esgotado. Seus músculos relaxados, a arma no criado-mudo, a mão ainda próxima ao cabo.
Levantei devagar. Não queria acordá-lo se fosse só um animal. Peguei um casaco e fui até a sala. O som tinha parado. Mas havia algo diferente no ar. O abajur do canto estava apagado — eu o havia deixado aceso. E a porta da varanda… estava entreaberta.
Um arrepio subiu pelas minhas costas.
— Tem alguém aqui — pensei, engolindo seco.
Antes que eu pudesse dar outro passo, uma sombra surgiu no batente da porta. Um homem encapuzado, de rosto par