As horas que se seguiram depois daquele jantar maldito foram de puro silêncio entre nós. Não porque não houvesse nada a dizer — mas porque havia coisas demais. Coisas que machucavam só de pensar, quanto mais de pronunciar.
Você caminhava pela casa como uma sombra, celular na mão, olhos vidrados em alertas e mensagens codificadas de seus homens. Eu te observava da porta, sentada com as pernas encolhidas no sofá, sentindo que alguma parte de mim começava a morrer toda vez que você dizia: “A guerra vai começar.”
— Ele vai tentar me atingir por você — você disse, sem me olhar. — Por isso vamos sumir por uns dias.
— Sumir?
— Tenho uma casa nas montanhas, ao norte de Bolu. Quase ninguém sabe da existência. Vamos amanhã, antes que Barış mexa mais peças.
— E fugir resolve?
— Não estamos fugindo. Estamos nos reposicionando.
Você dizia isso com a frieza de quem cresceu entre mapas de tráfico e cadáveres. Mas eu via por trás da máscara: você estava apavorado. Não por si mesmo. Por mim.
Fui até v