Entre o Desejo e o Segredo, um romance proibido

Entre o Desejo e o Segredo, um romance proibido PT

LGBTQ+
Última atualização: 2025-12-22
Stacy mendez  concluído
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Duas mulheres com passados mal resolvidos se reencontram em um contexto inesperado. O desejo surge rápido — mas cada uma esconde algo que pode destruir a outra. Entre encontros intensos, segredos e decisões difíceis, o amor vira risco.

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Capítulo 1

capítulo 1 - Quando os Olhares dizem Demais

Helena não acreditava em coincidências. Pelo menos não depois de ter passado dos trinta e aprendido, da maneira mais dura possível, que tudo o que parecia casual demais geralmente escondia algum tipo de intenção. Ainda assim, enquanto atravessava o corredor estreito do prédio antigo onde acabara de alugar uma sala comercial, sentia que havia algo diferente naquela manhã — um tipo de expectativa silenciosa que não sabia explicar.

O lugar cheirava a madeira velha e café recém-passado. As paredes claras refletiam a luz suave que entrava pelas janelas altas, e o som distante da rua parecia abafado, como se aquele prédio existisse fora do ritmo apressado da cidade. Helena gostava disso. Precisava disso. Depois de anos tentando se encaixar em lugares que nunca foram feitos para ela, buscava agora algo que fosse só seu.

Ela parou diante da porta com o número 302, respirou fundo e girou a chave. A sala ainda estava vazia, exceto por algumas caixas empilhadas no canto e uma mesa simples encostada na parede. Era pouco, mas era um começo. E, naquele momento, parecia mais do que suficiente.

— Você deve ser a nova inquilina.

A voz veio do corredor, firme e calma. Helena se virou devagar, sentindo um arrepio involuntário percorrer-lhe a nuca. À sua frente estava uma mulher que ela definitivamente não esperava encontrar naquele tipo de lugar. Morena, cabelos presos de maneira displicente, óculos de armação fina e um sorriso contido, quase profissional demais. Havia algo no jeito como ela se apoiava na porta — segura, confortável no próprio corpo — que chamou a atenção de Helena imediatamente.

— Sou eu mesma — respondeu, tentando manter a naturalidade. — Helena.

— Laura — disse a mulher, estendendo a mão. O toque foi breve, mas suficiente para que Helena sentisse um calor estranho se espalhar pelos dedos. — Sou dona da sala ao lado. E, informalmente, a pessoa que mais reclama do barulho quando alguém resolve arrastar móveis fora de hora.

Helena sorriu, um sorriso genuíno, daqueles que surgem sem esforço.

— Prometo ser discreta.

— Espero que sim — Laura respondeu, sustentando o olhar por tempo demais para alguém que acabara de conhecer.

Houve um silêncio curto, mas carregado. Helena percebeu, então, que não era a única a sentir aquela tensão súbita, quase elétrica. Laura desviou o olhar primeiro, pigarreando.

— Se precisar de qualquer coisa… — começou, apontando com o polegar para a própria sala — estou por aqui.

— Obrigada. Vou lembrar disso.

Laura assentiu e se afastou pelo corredor, deixando para trás um rastro de curiosidade que Helena não conseguiu ignorar. Assim que a mulher desapareceu, ela encostou-se à porta fechada e fechou os olhos por um instante. Era ridículo. Absolutamente ridículo. Mas seu coração batia mais rápido do que deveria.

Nos dias seguintes, os encontros tornaram-se frequentes. Coincidências demais para quem não acreditava nelas. Laura aparecia na cozinha compartilhada sempre que Helena preparava café. Cruzavam-se no corredor no fim da tarde. Trocavam comentários breves, sorrisos rápidos, olhares que começavam a dizer mais do que qualquer palavra.

Helena percebeu que esperava por esses momentos. Que se arrumava um pouco mais nos dias em que sabia que Laura estaria ali. E isso a incomodava. Não por falta de interesse — pelo contrário —, mas porque havia aprendido a manter distância. A não se permitir criar expectativas. Havia um motivo para isso. Um segredo que carregava consigo e que não dividia com ninguém.

Laura, por sua vez, parecia ler nas entrelinhas. Havia algo no olhar dela — atento, quase cuidadoso — que fazia Helena sentir-se vista. E isso era perigoso.

Certa tarde, a chuva caiu forte, prendendo as duas no prédio além do horário habitual. O som das gotas contra as janelas preenchia o silêncio entre elas, agora sentadas na pequena cozinha, cada uma com uma xícara nas mãos.

— Você sempre fica até tão tarde? — Laura perguntou, quebrando o silêncio.

— Só quando preciso organizar a cabeça — Helena respondeu. — O trabalho ajuda nisso.

— Entendo — Laura disse, observando-a com atenção. — Às vezes a gente foge de casa para encontrar silêncio.

O comentário foi simples, mas acertou fundo. Helena ergueu os olhos devagar.

— Ou para evitar pensar demais.

Os olhares se encontraram outra vez. Dessa vez, não houve pressa em desviar. O ar entre elas parecia mais denso, carregado de algo não dito. Laura se inclinou levemente para a frente, apoiando os cotovelos na mesa.

— Você não fala muito de você — disse em tom baixo.

— E você observa demais — Helena respondeu, com um meio sorriso.

Laura riu, um som discreto, quase íntimo.

— Talvez porque eu goste de prestar atenção.

O silêncio que se seguiu foi diferente dos outros. Não era desconfortável. Era cheio. Cheio de possibilidades, de desejo contido, de perguntas que ainda não podiam ser feitas.

Helena soube, naquele instante, que estava entrando em um território perigoso. Sentia o desejo crescer, silencioso, insistente. Mas junto dele vinha o medo. Porque, entre o que ela queria e o que podia oferecer, havia um segredo. E segredos, cedo ou tarde, sempre cobravam seu preço.

E, ainda assim, quando Laura se levantou e tocou de leve sua mão antes de ir embora, Helena não se afastou.

Talvez algumas coisas valessem o risco.

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capítulo 1 - Quando os Olhares dizem Demais
Capítulo 2 - O que se esconde no Silencio
capítulo 3 - Onde o Desejo começa a tomar forma
capítulo 4 - Quando o passado começa a bater a porta.
capítulo 5 - A linha invisível entre o querer e o ceder.
Capítulo 6 - O peso do que nunca foi dito
Capítulo 7 - Quando o cotidiano começa a revelar rachaduras
Capítulo 8 - O momento em que tudo pode mudar
capítulo 9 - O retorno não é o fim do medo
capítulo 10 - o que acontece quando o corpo finalmente confia
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