Helena acordou antes de Laura, envolta por uma sensação que misturava calma e expectativa. O quarto ainda estava mergulhado numa luz suave, quase tímida, e o silêncio era interrompido apenas pela respiração tranquila ao seu lado. Ficou alguns minutos observando Laura dormir, notando detalhes que antes passavam despercebidos: a forma como o peito subia lentamente, o rosto sereno quando não havia ninguém observando, o abandono raro que só acontece quando não se espera defesa.
Havia algo profundamente íntimo em estar ali sem pressa. Sem fuga planejada.
Quando Laura se mexeu, abrindo os olhos aos poucos, o sorriso veio antes da fala.
— Você ainda está aqui — disse, a voz rouca do sono.
— Eu disse que ficaria — Helena respondeu, com suavidade.
Laura estendeu a mão, tocando-lhe o braço, como se confirmasse a realidade daquele momento. O gesto simples carregava mais significado do que qualquer declaração direta. Helena sentiu o toque percorrer-lhe a pele com uma familiaridade nova, conq