Helena não dormiu naquela noite. Não por ansiedade, nem por arrependimento, mas por uma espécie de vigília silenciosa do corpo, como se cada parte dela soubesse que algo estava prestes a acontecer. O desejo não vinha mais como urgência desordenada — vinha como uma certeza madura, construída com cuidado, paciência e escolha.
Na manhã seguinte, acordou cedo demais e decidiu não lutar contra isso. Preparou café, abriu a janela e deixou o ar fresco preencher o espaço. Pensou em Laura sem tentar afastar o pensamento. Pensou no toque que havia demorado mais do que o necessário na despedida, no olhar que não pediu pressa, mas também não recuou.
No meio da manhã, o celular vibrou.
“Você vem hoje?”
Helena sorriu antes mesmo de responder.
“Vou.”
Não houve mais mensagens depois disso. Não precisavam.
Quando chegou ao prédio, o corredor parecia silencioso demais. Helena caminhou até a porta de Laura com uma calma que não sentia por dentro. Bateu uma vez. A porta se abriu quase imediatament