Helena passou os dias seguintes em um estado de alerta constante, como se estivesse esperando que algo acontecesse — ou que algo dentro dela finalmente cedesse. O beijo, contido e cheio de intenção, não havia sido apenas um gesto de desejo. Tinha sido um acordo silencioso. Um reconhecimento de que ambas estavam entrando em um território onde já não seria possível fingir indiferença.
Ela percebeu isso nas pequenas coisas. No modo como pensava em Laura ao acordar. Na forma como seu corpo reagia ao simples som de passos no corredor. No cuidado excessivo ao escolher palavras, como se qualquer frase pudesse revelar mais do que estava pronta para admitir.
Na quarta-feira, ao chegar ao prédio, Helena encontrou Laura sentada na pequena área comum, folheando um livro que não parecia realmente prender sua atenção. Ao vê-la, Laura fechou o livro devagar, como se tivesse estado esperando.
— Estava pensando em você — disse, sem rodeios.
Helena sentiu o impacto direto da frase. Não havia jogo a