A manhã seguinte chegou de um jeito diferente. Helena percebeu isso antes mesmo de abrir os olhos. Não havia o peso habitual no peito, nem aquela necessidade urgente de organizar pensamentos e emoções antes de encarar o dia. Havia silêncio — mas um silêncio bom, cheio de resquícios da noite anterior.
Ela ficou alguns minutos deitada, revivendo sensações com calma. O toque cuidadoso, o tempo desacelerado, a ausência completa de medo. Não fora apenas um encontro íntimo. Tinha sido uma espécie de acordo silencioso entre corpo e coração. Pela primeira vez, Helena não sentia vontade de se afastar depois de se aproximar tanto.
Levantou-se, tomou banho e escolheu a roupa com mais atenção do que de costume. Não por insegurança, mas porque algo dentro dela queria permanecer conectada àquele momento. Antes de sair, hesitou por um instante, pegou o celular e escreveu:
“Bom dia. Ontem ficou comigo.”
A resposta veio alguns minutos depois:
“Ficou comigo também.”
Helena sorriu.
No prédio, tud