O prédio parecia igual quando Helena voltou, mas ela sabia que não era. Nada era. Nem o corredor estreito, nem o som distante da rua, nem a própria respiração ao subir as escadas. Havia algo diferente no modo como seu corpo reagia ao espaço — como se agora ele reconhecesse ali um lugar onde algo importante estava em jogo.
Parou diante da porta da própria sala e deixou a bolsa cair no chão por um instante. Precisava se recompor antes de ver Laura. A viagem tinha sido curta, mas emocionalmente exaustiva. Encerrar pendências, enfrentar olhares antigos, reafirmar limites — tudo isso a havia deixado cansada, porém estranhamente inteira.
Ela estava pronta para ficar.
Mas sabia que estar pronta não significava que Laura estaria.
Não precisou bater na porta ao lado. Laura apareceu no corredor como se tivesse sentido sua presença antes mesmo de vê-la.
As duas pararam frente a frente, em silêncio.
O olhar de Laura percorreu o rosto de Helena com atenção — como quem confere se algo essenci