Lex
Eu encostei na mesa do meu escritório, segurando a xícara de café como se aquilo fosse me dar algum tipo de resposta. Não deu. O líquido já estava morno, e ainda assim eu não tinha coragem de largar, porque era o único objeto me mantendo distraído.
Ana.
Era só o que minha mente repetia desde o momento em que o helicóptero pousou e eu a vi se afastar sem olhar pra trás. O vento levantava os fios do cabelo dela, e ainda assim ela parecia determinada, como se fosse eu quem tivesse arruinado tudo.
E talvez tivesse.
Joguei o café no lixo com raiva e passei a mão pelos cabelos. Eu podia até me enganar, mas a verdade era simples: eu a demiti porque não confiava em mim. Não confiava em conseguir manter distância. Não confiava em ser chefe dela e ao mesmo tempo o homem que não parava de pensar em como era beijá-la.
Aquela noite… a droga daquela noite. Eu lembrava de cada detalhe. Do jeito que ela riu depois de beber um gole a mais de vinho, dos olhos dela piscando devagar, das palavras at